11 de jan. de 2013

PAPO CABEÇA - 13 DICAS PARA SER MAIS INDEPENDENTE EM 2013


Todo janeiro, a história se repete: as pessoas elaboram listas intermináveis de coisas que pretendem fazer ao longo do ano; nem todas obtêm êxito, algumas por as listas serem muito longas mesmo (às vezes a pessoa está querendo resolver as pendências de uma vida toda num ano só), outras por um certo grau de irrealismo no que é listado (tipo – lançar um CD e vender um milhão de cópias). Vamos aqui com uma lista mais singela, com apenas 13 itens, para ajudar você a ser alguém mais independente neste ano.

AMPLIE SEU REPERTÓRIO

1) Ampliar o repertório não é apenas um compositor escrever novas canções, ou um intérprete aprender músicas que não sabia. Também tem a ver com você agregar novas maneiras de fazer o que já faz, ou então passar a fazer coisas diferentes.
2) Novas maneiras de fazer o que já fazemos tem a ver com pensar a respeito do que está sendo feito. Muitas vezes, a rotina nos leva a realizar as tarefas no chamado “piloto automático”, o que pode ser interessante se você for um operário e sua função for apertar parafusos (dificilmente haverá outra maneira de fazer isto). Mas entrar no automático não me parece nada saudável para atividades criativas. No caso de estar escrevendo um texto, por exemplo, pergunte-se: um texto como este (escrito por outro) despertaria meu interesse? Eu o leria até o final?
3) Um exemplo de passar a fazer coisas diferentes. Em 2010, ao me mudar para Belém fui convidado pela cantora paraense Nanna Reis para ser seu produtor, algo que eu nunca fizera (fora uma breve experiência com o Clube do Choro de Porto Alegre, ali por 2003). Trabalhei com Nanna por seis meses, e hoje produzo o trabalho de 10 artistas de quatro Estados. Ampliei meu repertório profissional, que já incluía as funções de jornalista cultural e assessor de imprensa.
4) Ampliar o repertório também tem a ver com romper com algumas amarras que às vezes nos impomos, mesmo sem saber porquê. Você só assiste comédias, ou filmes de aventura? Na próxima ida ao cinema (em especial se for num “multiplex” de shopping, com várias opções começando a cada meia hora, em média), arrisque assistir um suspense ou uma animação. Leia textos e livros que não tenham relação direta com seu trabalho ou sua linha de pesquisa (ei gente, isso pode ser feito de graça na internet). Pare de reclamar que os programas dominicais de tal emissora de televisão são muito chatos e mude de canal, você poderá se surpreender. Enfim, sacudir a acomodação é um passo importante para ampliar o repertório.
OTIMIZE SEUS RECURSOS

5) Recursos não são só dinheiro. São também tempo, permutas (você troca um serviço por algo de que precisa, ou vice-versa) e ainda sua equipe de colaboradores. É fundamental, para quem é independente, o bom uso dos recursos, já que eles tendem a ser escassos.
6) A busca de recursos via editais públicos ou privados para a realização de seus projetos é importante, sim, mas não pode ser vista como a única alternativa. Em 2012, numa reunião com uma cantora que eu passaria a produzir, a primeira coisa que ela me perguntou foi: “Em quais editais iremos nos inscrever?”, e respondi a ela que o raciocínio não é este. Primeiro, devemos definir qual será o foco do nosso trabalho, e a partir disto selecionar os editais que tenham a ver com ele. Outro erro comum é sempre inscrever o trabalho “em bloco” no edital, quando muitas vezes ele poderia ser “fatiado” com mais proveito. Se você gravou um EP ou CD e só o lançou na internet, por que não pedir recursos para a prensagem deste trabalho já gravado, em vez de descartá-lo e buscar o financiamento de um trabalho totalmente novo? Ou mesmo inscrever os dois projetos, se possível for?
7) Outra forma de captar recursos para seus projetos pode ser o crowdfunding, ou financiamento coletivo, que vem gradativamente sendo mais adotado no Brasil. Nesse modelo, são os fãs do artista que o ajudam diretamente a custear shows, gravações e turnês – é uma espécie de venda antecipada, em troca de presentes exclusivos que podem ir desde um ingresso pro show até uma apresentação particular na casa do fã. Uma grande vantagem do modelo é o barateamento dos custos, pois elimina a incerteza que geralmente ronda as ações na área (basta lembrar da recente turnê da cantora Lady Gaga pelo Brasil, onde a venda dos ingressos ficou muito abaixo do esperado pelos organizadores).
8) O tempo também é um recurso importantíssimo, e escasso por natureza, pois é não-renovável. O minuto em que você deixou de fazer algo importante não volta mais; você pode fazer sim no minuto seguinte, mas se tivesse aproveitado o outro já poderia estar fazendo uma segunda coisa. Como já disse há algum tempo uma banda independente, se não me engano do Amapá: Tem gente que, em vez de passar o dia batalhando por sua banda, fica jogando fazendinha no Orkut.
FORTALEÇA SEUS LAÇOS

9) Ser independente não quer dizer que você tem que fazer tudo sozinho. Algumas coisas você não vai saber, outras não vai ter tempo de fazer, e algumas outras ainda não vai poder estar no lugar onde talvez precisaria (em geral por conta daquele famoso recurso escasso, o dinheiro). É o caso então de fortalecer seus laços.
10) Um exemplo de fortalecimento de laços. Em 2012, cobri shows e festivais no Pará, Amapá, Amazonas, Rondônia, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul para meus blogs Som do Norte e Jornalismo Cultural. A contratação de três colaboradoras, em Belém, Rio Branco e Salvador, permitiu ampliar o número e a abrangência geográfica dos eventos cobertos pelos blogs, além de trazer aos leitores olhares diferenciados, além do meu, sobre a produção cultural. Detalhe: duas das três contratadas já haviam escrito anteriormente para os blogs. Ou seja, na hora de ampliar a equipe, dei preferência a quem já mostrara interesse em trabalhar comigo.
11) Isso talvez não se precisasse dizer, mas enfim... Não apenas peça ajuda, mas procure ajudar quando solicitado (ou, caso acredite que poderá somar, e tiver abertura para isto, proponha-se a ajudar). Afinal, parcerias são vias de mão dupla. Porém, evite preocupar-se mais com o projeto de outra pessoa que ela mesma. Uma boa dica para isso é, ao final de um papo (presencial ou virtual) sobre o projeto de alguém, você pedir que a pessoa envie algo de que você irá precisar (afinal, o projeto não é seu, é dela, ela é que tem as informações), se possível estipulando um prazo para isto. Assim você está respaldado se a pessoa não enviar, ou não cumprir o prazo.
12) Se sua banda tem uma página na internet – site, blog, Soundcloud, PalcoMP3, o que for -, pense num mecanismo onde seus fãs podem informar e-mails para receber novidades da banda. Ou então aproveite um momento em que eles estiverem reunidos – a banda O Teatro Mágico passa uma lista para recolher e-mails entre o público ao final dos shows. Procure mandar informativos periodicamente, ou ao menos sempre que houver novidades. Se sua banda tiver assessor de imprensa, é interessante delegar a ele esta função; este profissional saberá quando e como comunicar os novos passos aos fãs.
...MAS ACIMA DE TUDO...

13) Acima de tudo, não se esqueça: como já falei antes, ser independente não significa atuar de modo isolado. No mundo atual, somos cada vez mais interdependentes. Então defina seu foco, amplie seu repertório, otimize seus recursos, fortaleça seus laços e tenha um feliz 2013! 

Um comentário:

Jair disse...

Parabéns e obrigado pelo texto. Excelente maneira de pensar e expor itens que com o passar do tempo acabam se perdendo na luta diária pela difícil conquista de um espaço.