14 de ago. de 2015

PAPO RETO - RODRIGO MEBS - #VEM_PRO_ROCK

A sessão PAPO RETO do Blog Roraimarocknroll trocou uma ideia com o poeta Rodrigo Mebs, vocalista da banda Ditambah e organizador do 2º Rock Contra a Corrupção que acontece neste domingo, dia 16 de agosto na Praça do Centro Cívico. Confira como foi o papo:

Blog Roraimarocknroll 
No dia 15 de março bandas de Roraima organizaram o 1º Rock Contra a Corrupção, apoiando os protestos realizados em todo o Brasil a favor do impeachment da presidente Dilma. O Rock pode mudar o cenário político do nosso país? 

Rodrigo Mebs 
Primeiro é preciso explicar que o Rock Contra A Corrupção é uma iniciativa livre, apartidária, formada por diversas pessoas com diversos pensamentos e diversas opiniões sendo que a sua voz em uníssono é um grito contra a corrupção em todas as dimensões e níveis da sociedade. Respondendo a sua pergunta, sim. Veja que o Rock sempre foi instrumento de cultura e contracultura. O rock sempre foi excelente veículo para a palavra, digo que o rock sempre foi instrumento político. Agora se ele pode mudar o cenário político do nosso país, eu não sei, mas que pode colocar especialmente a molecada mais nova pra se questionar sobre política, isso eu garanto que pode. 

Créditos: Victor Matheus

Blog Roraimarocknroll 
Qual leitura você faz na politica brasileira hoje? Existe oposição no congresso? 

Rodrigo Mebs 
Acho que está pergunta já está pra ser respondida. Já cheguei a pensar que a nossa Nova (e já caquética) República como um todo é uma farsa. Democracia plena não existe mesmo, seria uma tolice pensar que vivemos o governo do povo. Aliás, povo é também uma palavra vazia que os políticos e demais bichos do poder preenchem como querem de acordo com suas conveniências. A pergunta que eu faço é: Nossas instituições estão funcionando? A História logo vai mostrar. 

Créditos: J. J. Vilella

Blog Roraimarocknroll 
Analistas políticos e filósofos contemporâneos afirmam que a esquerda perdeu o monopólio da virtude com os escândalos de corrupção envolvendo partidos políticos, grupos empresariais e ongs... Que análise você faz do projeto de poder da esquerda na América Latina a partir da abertura política nos anos 80 até a crise política que o Brasil atravessa hoje? 

Rodrigo Mebs 
Eu imagino que “A virtude" ou “a moral" jamais pertenceram a esquerda ou direita, muito embora pareça o contrário quando escutamos estas duas ideias, estas duas palavras vindo de algum palanque. Mas vá lá, a esquerda latino-americana está vivendo sim uma crise, está tropeçando nos próprios cadarços. Creio que isso se deu porque a esquerda (principalmente a de origem revolucionária) não acompanhou a célere mudança que ocorreu no mundo nas últimas 2 ou 3 décadas, e acabou por ver suas ideologias desbotarem diante de novos e coloridos acontecimentos. Alguns reclamam do dito maniqueísmo, mas na real quando a coisa aperta todos dizem: “Você está comigo ou não está?". Cara, a questão do projeto de poder mais explícito que temos na América Latina é o Foro de São Paulo, organização que sonha com um bloco econômico e político que mudará de vez a posição que o Brasil ocupa na geopolítica. O que cada um de nós tem que fazer é buscar entender o macro disso tudo. E aí escolher se é mesmo isso que queremos, pois isso não é explicado para a população. Eu continuo preferindo construir primeiro uma Grande Pátria pra depois pensar na Pátria Grande. 

Créditos: Arquivo Pessoal

Blog Roraimarocknroll 
A Ditambah representa o rock underground roraimense, e o contexto político e poético da banda tanto no palco como fora dele vem arrebatando mais fãs... A juventude de hoje é mais careta do que da geração dos anos 90 e 80? Ou seus ídolos perderam a inspiração e o envolvimento político com o país? 

Rodrigo Mebs 
Essa geração tá curtindo uma ressaca brava, de todos os excessos cometidos pelas duas ou três gerações anteriores, e também está abismada com o mundo novo em sua frente. Esse “efeito Los Hermanos" aí é uma espécie de ressaca lisérgica. Kkkk Penso que estamos num ponto de transição. Existe uma geração em gestação neste momento, e esta já nascerá num mundo onde talvez não seja tão importante forjar a figura imaculada de um ídolo ou de um salvador da pátria, saca? É lógico que vamos continuar elegendo pessoas como exemplo disso ou daquilo, sempre vai ter um rockstar ou um líder político admirável, mas seu papel na sociedade não terá o mesmo peso e nem a mesma medida que figuras assim tinham 30 ou 40 anos atrás. A Ditambah procura não tropeçar nos cabos que levam aos auto falantes da história, mas também não tá a fim de descer do palco agora, e se deixarem a gente ainda toca um rock de boas vindas aos novos tempos.

Créditos: Felipe Thiago

Blog Roraimarocknroll 
No próximo dia 16 acontece o 2º Rock Contra a Corrupção. Como será o evento e o que mudará em relação a primeira edição? Quem pode participar? 

Rodrigo Mebs 
O Rock Contra A Corrupção vai ser um evento de música, mas com uma pegada política onde cada banda estará livre para tocar seu som e fazer suas reivindicações, dizer enfim o que pensa do atual momento em que o país atravessa. Reafirmou que o Evento em si é uma manifestação pacífica, apartidária e democrática. A diferença é que desta vez contaremos com uma estrutura de som e luz um pouco maior. 

Blog Roraimarocknroll 
Pra fechar a conta... 

Rodrigo Mebs 
Então queria agradecer ao Blog Roraima Rock 'n Roll pelo espaço dado a cena rock daqui e convidar todos a comparecer na Praça do Centro Cívico neste dia 16: #VemProRock.

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