A sessão PAPO RETO do Blog Roraimarocknroll troca uma idéia franca com o o guitarrista ALEXANDRE HORTA, da banda Ditambah, relembrando a era de ouro do rock roraimense, seus projetos como o novo super grupo de rock autoral de Roraima (Ditambah) e suas impressões sobre o atual cenário do rock do extremo norte do Brasil.Confira como foi o papo:
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No começo da década de 2000, você criou o portal roraimarock.com.br onde reunia informações sobre a cena rock local e um espaço virtual para debater a cena através do antológico e polêmico chat. Pra você, qual a importância que esse portal tinha à epoca ao rock roraimense?
Alexandre Seedortho
Na época, tinhamos uma cena com bandas muito boas , mas com pouco espaço para divulgar, foi então que resolvi montar o portal como uma forma democratica de abrir espaço para todos. A minha idéia, do contrário que tenho observado nos dias atuais, era de agregar todo tipo de banda sem preconceitos, sem politicagem , sem divisão de grupos.
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O mesmo não acontece na cena rock atual?
Alexandre Seedortho
Naquela epoca ja haviamos feito o 1 Fest Rock, proximo ao gela goela, e reunimos inclusive bandas gospel para participar do evento, demonstrando o a visão que eu, Siddartha Brasil tinhamos naquele momento. Fiquei aproximadamente 4 anos longe da cena, sem tocar em nenhuma banda e agora no retorno, voltei a prestigiar eventos e vejo que os eventos foram divididos como facções, e que bandas boas que o publico curte, deixa de se apresentar por não fazer parte da linha do evento... Sinceramente acho ridículo!
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O 1º Fest Rock, realizado em 2001 na praça Ayrton Senna capitaneado por você e Siddharta é considerado um divisor de águas na historia do rock roraimense. Quais eram os desafios de produzir um festival do porte dos eventos atuais numa época em que o rock não tinha espaço e uma cena autoral ainda estava em estado embrionário?
Alexandre Seedortho
Em Roraima outros eventos contribuíram bastante para desenvolver o Rock, principalmente em Boa Vista, ainda não morava aqui mas pude assistir a vídeos maravilhosos com bandas talentosas, em que diversos músicos ainda seguem na batalha. Depois desse período ficou uma grande lacuna e surgiu a idéia do Fest Rock que reuniu muitos adeptos, bandas e outros movimentos foram desenvolvidos a partir deste, portanto podemos dizer que deu um grande impulso a cena.
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Você fez parte da banda autoral que é considerado por muitos, a mais importante e relevante na história do rock roraimense de todos os tempos, a LN3, que em meio a toneladas de bandas covers e de proveta apresentava um rock autoral com forte influencia do pós punk oitentista tanto no som como nas letras. Como era tocar para um publico não acostumado a ouvir rock made in roraima?
Alexandre Seedortho
Confesso que na época jamais poderíamos imaginar que um dia comentariam sobre nós, principalmente pelas dificuldades e limitações de cada integrante da banda. Tirando o Rimolo, baterista, todos éramos bem amadores, mas tocávamos com sentimento, porem sem muitas pretensões. Queríamos participar e fazer musica. O publico aos poucos foI se acostumando seja pelas letras, pelos riffs de guitarra ou pela maneira de interpretação do vocalista. O momento que define bastante essa quebra de paradigma foi do pré show do Planet Hemp ja que por ser um repertório 100% de autoria, nos fez tocar praticamente uma colada na outra por medo de vaias, criticas ou coisas do gênero. Foi muito bom descer do palco e escutar de muitas pessoas que gostaram do som e nos admiravam pela coragem.
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Você comentou que "A minha idéia, do contrário que tenho observado nos dias atuais, era de agregar todo tipo de banda sem preconceitos, sem politicagem , sem divisão de grupos", quer dizer que não ocorre o mesmo nos dias atuais com relação a cena rock roraimense? a que você atribui essa realidade?
Alexandre Seedortho
Na verdade muita coisa mudou quando resolveram dividir eventos em autorais e cover, forçando bandas a se esforçarem para criar Musica como se escovassem os dentes quando acorda. O resultado foi sentido na bilheteria, pois o publico local não estava acostumado a escutar Musica autoral. As bandas tinham seu publico direcionado, sabendo que escutariam interpretações de suas bandas favoritas, fosse punk, grunge, heavy metal, pop rock... Acho que essa divisão ocorreu talvez por problemas que são inerentes a natureza humana, como o ego, vaidades pessoais e porque nao dizer do trabalho em causa própria, já que beneficiava diretamente a banda A, B ou C e não o coletivo.
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Qual seria a saida pra quebrar esses paradigmas viciantes da cena rock roraimense atual para um novo panorama que resgatasse o espirito de integraçao da cena entre as bandas conforme ocorria antes da presença incômoda do coletivo/ fora do eixo ?
Alexandre Seedortho
Esse é um processo dificil de voltar, teria de passar por modificações dentro das próprias bandas, o que dificilmente ocorreria. Acredito que a saída seria uma terceira via buscando a união de todos, com regras menos xiitas, contando com o apoio de instituições que trabalham e desenvolvem o lado cultural, como o Sesc que sempre foi parceiro do movimento.
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Após 4 anos longe dos palcos voce retorna as 6 cordas com uma nova banda, Ditambah, conte como nasceu esse novo projeto...
Alexandre Seedortho
O responsável pelo resgate foi o Jorge Holanda que me convidou para uma nova formação dizendo que conhecera um poeta e que tinha interesse em mergulhar no universo da musica. A principio me pareceu "dejavu", mas como dizem que um raio não cai duas vezes na mesma arvore resolvi pagar pra ver. Assisti uns vídeos do Rodrigo Mebs e fiquei empolgado com a sua qualidade e performance, o segundo passo foi a primeira reunião, que a principio estava complicada pelos horários disponíveis e mais uma vez o "São"Jorge resolveu, levando-o na minha residência e num breve papo já estávamos marcando o primeiro ensaio. Tem sido uma experiência muito boa e estamos conseguindo criar coisas boas em um curto espaço de tempo.
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Qual a sonoridade da banda? Pretendem gravar esse material que estão compondo?
Alexandre Seedortho
A pegada é bem Rock'n'roll com letras bem sacadas, temperadas com ironia, critica social, e as poesias inteligentes do Rodrigo Mebs, pra botar a galera pra pensar e interpretar. Até agora ja temos 5 musicas trabalhadas para entrar em Estudio, onde pretendemos chamar nosso amigo Neto Barauna para produzir todo material.
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Pra fechar a conta, qual o grande nome do rock roraimense na atualidade? e quais são suas expectativas para o futuro breve da cena rock acima da linha do equador?
Alexandre Seedortho
Não quero ser injusto com as bandas e vou citar a Konvictus que alem de curtir, torço muito para que o Guitar Hero Thiago Moreira se recupere e volte a tocar. Tento ser sempre positivo em relação a cena Rock'n'roll ! Ditambah está chegando para acompanhar esse crescimento! \o/
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Pra fechar conta...
Alexandre Seedortho
Agradeço aos amigos, inclusive você Matheus, que sempre incentivaram pelo meu retorno, agradeço muito ao Jorge Holanda, Rodrigo Mebs, Humberto "Cabeleira" Tomé pelas horas de diversão, descontração e criação. Agradeço especialmente a minha família pela compreensão das horas envolvidas nos ensaios, que poderiam ser gastas com eles.
Fecha a conta.
Um comentário:
é isso aí!
vamos à luta por uma cena mais democrática e justa com seu público. Esse é um fundamento da arquitetura poético/musical da Ditambah.
Abraço aos ilustres cavalheiros e delicada reverência às nobres damas!
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