DIÁRIO DE BAR: VELUDO BRANCO NO YAMIX 2012

Por Victor Matheus 

Power trio Veludo Branco participa da 5ª Edição do Yamix Uerr e compartilha com seus fãs como foi a experiência de participar do maior e mais importante Festival de Artes Integradas e Educação de Roraima.

Em pouco mais de 6 anos de estrada, nós da Veludo Branco, tivemos a oportunidade de fazer muitos shows fora de Roraima, participar de Festivais na região norte, tocar em estados como o Amazonas, Rondônia, Pará e Rio Grande do Sul, e dividir o palco com muitos de nossos ídolos, entre eles, só em 2012, Arnaldo Antunes, Raimundos e Velhas Virgens. 

Ainda assim, uma inquietação sempre fez parte de nossos planos ao longo desses 6 anos de banda: Desbravar o nosso estado de Roraima, levar nosso som aos quatro cantos da nossa terra mãe e mostrar para nossa gente o rock n'roll da Veludo Branco. Felizmente, tivemos a oportunidade de dar o primeiro passo além das fronteiras municipais da cidade de Boa Vista, tocando pela primeira vez na cidade de Pacaraima, fronteira do Brasil com a Venezuela, no MAIOR E MAIS IMPORTANTE FESTIVAL DE ARTES INTEGRADAS DE RORAIMA, o YAMIX – UERR. 

Palco do Yamix foi decorado com material reciclado: Exemplo de Sustentabilidade 

Infelizmente pelo choque de agenda, em 2011 não pudemos participar do Festival, mas assim que recebemos novamente o convite para participar este ano, aceitamos de imediato, com uma empolgação comparável aos primeiros dias de banda. Nos sentimos novamente ao começo de tudo, e mais uma vez pegaríamos a estrada, dessa vez na versão “Veludo Branco Família”. Tínhamos muitas expectativas sobre o Festival, afinal a programação era imensa, com muitos shows, intervenções e oficinas para rolar nos 2 dias de evento, mas nada se compara ao que presenciamos ao chegar em Pacaraima, a verdadeira woodstock do norte do Brasil. 

YAMIX, 

O WOODSTOCK DO EXTREMO NORTE DO BRASIL 

Veludo Branco no backstage do Yamix 2012 

A cidade de Pacaraima respirava um ar diferente nos últimos dias 16 e 17 de novembro de 2012. Pelas ruas da cidade encontrávamos gente de Boa Vista, de Pacaraima, muitos turistas venezuelanos, andarilhos hippies, e principalmente, muita arte sendo compartilhada para todos os cantos. Por onde andávamos pelas ruas da cidade fronteiriça, encontrávamos aglomerados de pessoas cantarolando algo num violão, bongôs e flautas, que nos remeteu imediatamente a outro momento importante na história da cultura mundial: o Festival Woodstock. 

Enquanto, na casa de Cultura Terra de Makunaima, ouvia-se hippies venezuelanos em plena tarde de sol a pico cantando hinos psicodélicos enquanto pessoas meditavam em barracas, acompanhavam os balanços dos incensos no ritmo da música e degustavam o melhor da natureza do planalto das guyanas, mais adiante, na quadra ds escola Casimiro de Abre, rolava o Yamirim, com várias oficinas e espaços para a nova geração se divertir, plantando novas sementes e ideias que sempre fizeram parte de nossa filosofia de vida. Vivenciamos o lado formativo do Yamix, onde presenciamos a troca de informações livre, debates paralelos entre agentes culturais e muito feedback entre os participantes de todas as frentes artísticas que integraram a programação extensa do Festival. 

O poeta Rodrigo Mebs em intervenção etílica durante show da banda Veludo Branco - Cred. Lavor 

Não pudemos estar presentes no primeiro dia de evento, mas soubemos pela própria organização, artistas que se apresentaram, e melhor ainda, do público, que havia sido um sucesso de público e melhor ainda, enxergava-se nos olhos dos organizadores e dos artistas, a satisfação em fazer parte desse imenso caldeirão cultural que se tornou a cidade de Pacaraima. 

O show da Veludo Branco estava programado para rolar as 00h na Quadra Municipal Coberta, mas antes, no palco do Micaraima, ainda houve mais apresentações artísticas, de Orquestras Sinfônicas, dando ares de festival de arena livre no melhor estilo do já citado Woodstock. Voltando a Quadra Municipal Coberta, uma estrutura de palco digna dos melhores eventos culturais de RR, com direito a decoração com material reciclável (excelente exemplo de como por a sustentabilidade em prática) fez nossos olhos se enxerem de alegria, afinal, para qualquer artista, o ápice de participar de um festival é poder, além de receber todo o atendimento digno da produção (translado, hospedagem, alimentação, cachê) tocar num palco do porte do Yamix. 

Quadra Municipal de Pacaraima: Público imenso para prestigiar a cultura de RR 

Antes da participação da Veludo Branco, podemos prestigiar apresentações inesquecíveis de vários artistas conterrâneos e de outros estados, entre eles Serginho Barros, Sergio Souto (AC), Eliakin Rufino e Euterpe, Eliana Printes (RJ) e Ben Charles. Mesmo com o atraso no horário de início da programação e o problema técnico de luz, não tiraram o brilho do evento, e tão pouco esfriou o público que compareceu aos milhares, segundo fontes da Polícia Militar e ali permaneceu até o final do show da banda Jamrock, última a se apresentar e fechar o festival. 

Veludo Branco em ação no Yamix 2012 - Créditos: Natasha Tália 

As 3h da madrugada de domingo, a Veludo Branco subia ao palco do Yamix 2012 para apresentar seu último show do ano, antes das merecidas férias para compor o novo disco. Fizemos um show resumido, retribuindo a gentileza de outros artistas que também fizeram o mesmo para não prejudicar o horário e programação dos demais anfitriões. Ainda sim, tocamos 5 canções, entre elas “Bang the Bong”, “Sem Mentiras”, “Maldita Ressaca” e “Opala Branco” de nossa autoria e o medley “LSD” do Mutante Lóki Arnaldo Baptista e “Não pare na pista” de Raul Seixas. Não preciso descrever em palavras como foi nosso show. O vídeo a seguir fala por si só. 

Assista o resumo do show da banda Veludo Branco o Yamix 2012 

O QUE FICA? 

Tocar no YAMIX foi uma das experiências mais incríveis até agora na história da Veludo Branco, simplesmente porque não há nada mais gratificante para uma banda de rock independente de Roraima, ser reconhecida e valorizada em sua própria casa. O YAMIX nos proporcionou tudo isso e muito mais, nos fez perceber que alcançamos a tão sonhada medida do nosso sucesso, afinal, a maior satisfação para qualquer artista é tocar sua música e receber aplausos do público, e melhor ainda, ouvir esse público que talvez nunca tenha se quer ouvido falar de sua banda ou ouvido sua música, cantar a um refrão que você escreveu após uma noite de boemia. Isso realmente não tem preço. 

Queremos agradecer ao convite do organizador do Yamix Uerr 2012, Devair Fiorotti, que juntamente com Samia Araújo e toda a equipe de produção do Yamix nos deu todo o apoio para podermos participar desse evento e agora também fazer parte da história do mais importante festival de Artes Integradas de Roraima. 

Mapeamento da organização do Yamix otimizou os trabalhos produção do evento 

Ao nosso eterno companheiro de palco Rodrigo Mebs pela participação em nosso show, ao apoio audiovisual da minha Esposa Paula Marini, Cláudio Lavor e Natasha Sarah, aos amigos de Boa Vista que foram prestigiar o evento e também o nosso show, aos amigos e artistas que dividiram na mesma noite o palco do Yamix conosco, entre eles Ben Charles, Eliakin Rufino, Euterpe, M.-Nência Rap, Rodrigo Mebs, Cláudio Lavor, Serginho Barros; A Marina Mar e Cristiane Conceição pelo apoio solidário matrimonial aos veludeiros Cesar Matuza e Paulo Veludo, e a todos que estiveram lá prestigiando esse grande festival cultural, sem dúvida o maior já realizado em RR. 

Temos muito orgulho de ter feito parte desse momento inesquecível na história da cultura do Estado de Roraima. Já dizia Raul: “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”. O Yamix provou isso, com a união, humildade, profissionalismo e planejamento que fizeram deste evento, exemplo de fato e de direito e título de MAIOR E MAIS IMPORTANTE FESTIVAL DE ARTES INTEGRADAS DE RORAIMA. 

Veludo Branco e Devair Fiorotti, organizador e idealizador do Yamix - Créditos: Cláudio Lavôr 

Vida longa ao Yamix, e que venha a 6ª Edição. Nós da Veludo Branco estaremos lá, talvez em cima do palco, mas com certeza aplaudindo de pé essa iniciativa do iluminado produtor cultural Devair Fiorotti. 

Fecha a conta.