10 de nov. de 2012

PAPO RETO: JACY NETO, OS COLETIVOS E O ROCK RORAIMENSE


A sessão PAPO RETO do Blog Roraimarocknroll troca uma idéia com o guitarrista e compositor Jacy Neto que analisa a cena rock roraimense, os trabalhos e fracassos coletivados realizados em Boa Vista e seus projetos musicais vindouros. Confira como foi o papo:

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Você foi co-fundador da banda Elvis From Hell, que passou a se chamar Johnny Manero, e não participa mais deste grupos. Qual a razão para sua saída?

Jacy Neto
Saí da banda já faz um ano, por motivos próprios. Não me sentia em uma fase muito boa na minha vida, que acabou refletindo na banda e fez com que eu não me sentisse bem tocando... Eu queria fazer as coisas do meu jeito e não era assim... Aí preferi sair pra não acabar minha amizade com o Yuri, que é pai do meu afilhado.

 Jacy Neto em ação
Créditos: Pablo Fellipe

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Agora você encabeça um novo projeto... Qual é o nome? As composições são todas suas? Conte-nos mais sobre essa nova empreitada...

Jacy Neto
Nesses últimos meses voltei a fazer músicas, algo que fiz logo quando comecei a aprender a tocar violão, com letras que são super pessoais. Uma coisa que eu sempre vi foi meus amigos ouvindo as músicas e identificando uma coisa ou outra da letra com a própria vida deles. Foi aí que comecei a refazer umas músicas que eu tinha, três músicas no caso, só por diversão mesmo. E saiu a música “Pra você que fiz essa canção” e “O amor vem e vai”... Depois disso resolvi pedir pra minha amiga Ana Caroline, que conheço há anos, cantar as canções. Gravamos e colocamos no Youtube, e mostrei pros nossos amigos e familiares e assim por diante. A Carol tem uma voz muito bonita, que combinou com as canções.

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Pretende gravar esse material ou por enquanto só deixar nas rodas de violão?

Jacy Neto
Fui encorajado por amigos e família, e um encorajamento especial do Fabrício Cadela, como produtor e músico das nossas canções... Estamos gravando um EP que ainda não tem nome, assim como o projeto não tem nome.

Banda Garage - Projeto Cover do guitarrista Jacy
Créditos: Pablo Fellipe

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Como você vê a cena rock local desde que começou a tocar em shows com a Elvis From Hell até o momento atual?

Jacy Neto
O que posso dizer é que, do meu ponto de vista, a cena é incerta. Desde quando comecei a frequentar como guitarrista e como público shows pela cidade, posso dizer que o público e talvez os organizadores, não dão valor as bandas autorais. Pois onde se vê um pub lotado pra ver um show com músicas cover não se vê no mesmo lugar a mesma quantidade de pessoas pra ver um show de uma banda autoral, mas a cena vem crescendo em relação a lugares para se tocar, e isso é muito bom de ver, e os festivais destinados ao rock estão aparecendo cada vez mais, isso também é bom, pois posso ver crescer tanto bandas que sempre vejo e o porte do festival.

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Você fez parte do movimento Fora do Eixo como membro/banda do Coletivo Canoa Cultural mas hoje apenas frequenta os eventos como público. Porque não mais continuar fazendo parte dessa organização?

Jacy Neto
Eu sou uma pessoa que gosta de fazer as cosias da minha maneira, eu gosto só de música, não gosto de fazer algo por fazer e ficar meia boca. Talvez por ser assim, deixei a desejar pra mim mesmo em eventos que participei como colaborador. Meu projeto que ainda nem saiu do forno deve seguir essa mesma linha de raciocínio, focado apenas na música, isso não é egoismo, é foco. A tendencia é essa.

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Pra você o Coletivo (Canoa Cultural) é mais politicagem e barganha e menos musica e atitude?

Jacy Neto
Na história, o Coletivo (Canoa Cultural) começou como um coletivo de bandas de rock, o TomaRRock, que era uma idéia muito boa, depois mudou para Canoa Cultural e o TomaRRock virou um festival. O Canoal Cultural é um coletivo que apoia a produção e gestão de trabalhos independentes, não só a músicas mas também todas as artes. Por me envolver apenas com a música, eu não tenho como falar sobre os outros projetos que agregam o Canoa Cultural. Na minha percepção o objetivo deles é integrar todas essas artes, algo que eu prefiro ver sem participar no total, apenas como músico. Talvez isso seja uma grande atitude e o público não reconheça. Não é?

 a 1ª banda de Jacy - Johnny Manero
Créditos: Pablo Fellipe

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Esse é o discurso dos Coletivados mas lhe pergunto: E na pratica acontece o mesmo? Será por isso que o publico “apoia” em peso as ações desse grupo? E por isso nenhuma banda que ajudou a fundar o Coletivo, com exceção da banda do presidente do Coletivo (Mr Jungle) ainda usufrui dos “benefícios” em fazer parte dessa rede?

Jacy Neto
Eu sou um dos que não vai aos eventos porque simplesmente não gosto do que é tratado, como você disse, é muita politicagem. Falando em relação as bandas, assim como eu penso, outro também podem pensar... E isso sem falar de intrigas pessoais que sempre rolam, não é meu caso, mas sempre existiu e sempre vai existir em qualquer lugar. Em relação ao público, falando como público, eu só vou quando tem música. E só.

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E o resultado é o que foi visto recentemente...

Jacy Neto
Concordo em parte. Eu posso ver o que aconteceu de duas formas. A primeira é como público, que só vai pra prestigiar... E nessa parte eu fiquei com vergonha da falta de público, cara, todas as bandas fizeram shows bons, mas não tinha quase ninguém. E a segunda é como um cara que conhece o trabalho do pessoal que organizou, posso dizer que eles trabalharam sim, mas aconteceu algo no meio do caminho que resultou no que vimos, ou melhor, no que deixamos de ver, o público.


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A esperança ainda continua sendo a ultima a morrer então...

Jacy Neto
Isso mesmo, faço sempre das palavras de Raul Seixas as minhas “Nunca se vence uma guerra lutando sozinho”. Acho que todo mundo precisa de todo mundo. Mesmo que coletivado ou não, junto ou separado, a roda só anda se todos forem na mesma direção. O que quero pra cena rock é uma longa vida e que sempre cresça. De preferencia sem muitos tropeços ou sabotagens.

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Esse é o espirito do Blog Roraimarocknroll, quem sabe se acabar a ditadura de 5 anos do presidente do coletivo e colocar gente nova, sangue novo, novas ideias, o panorama possa mudar...

Jacy Neto
É isso o que está acontecendo agora mesmo na cena, estão nascendo novas oportunidades, novos grupos, mais diversidade pra quem só quer tocar. Se mudar o presidente, vai mudar algo, com certeza, mas o que eu quero mesmo que aconteça é surgir novas cabeças que pensem diferente, algo que seja apenas pra músicas, ou talvez, parte do coletivo apenas pra música, esse cara pode ser qualquer um que tenha empenho, ao meu ver. Minha maneira perfeita de ver é essa, sempre apenas um foco, penso assim porque sou assim.


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E pra fechar a conta...  Em sua opinião, o rock roraimense independente está fortalecido?

Jacy Neto
Com certeza, e dá de ver isso, várias bandas, assim como eu mesmo e a Johnny Manero, a banda que eu tocava, estão trabalhando nas suas próprias músicas e gravando suas canções ou já gravaram. Isso é muito bom. Apesar dos pesares temos bandas únicas aqui, tanto nas letras como nas atitudes. Sem falar na parceria que várias bandas tem. Isso é ser forte.

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Pra fechar a conta...

Jacy Neto
Queria agradecer a oportunidade pra expressar minhas opiniões e ideias no blog, e dizer pro pessoal que está lendo isso pra ouvir minhas músicas. Gravei do celular e não está bom o som nem o vídeo, mas dá pra ver o que vai sair. Também queria agradecer por aqui ao Fabrício Cadela pela ajuda que tá me dando. Valeu Victor Matheus pelo espaço e é isso. Valeu!

4 comentários:

Ellen Carmaine disse...

Boa entrevista! Parabéns, Matheus! E, Jaci, sucesso na nova empreitada!

Victor Matheus disse...

Obrigado ellen. Aui o espaço é do rock roraimense. Abração!

Handson disse...

muito boa a entrevista e são boas as musicas do rapaz... curti mesmo

Jacy Neto disse...

Valeu aí pessoa \m/