13 de jul. de 2011

CONHEÇA COMO O RITMO DA GUITARRA FEZ HISTÓRIA EM RORAIMA




NEIDIANA OLIVEIRA
neidiana@folhabv.com.br

Em meados da década de 50, surgiu um novo ritmo musical tocado de forma irreverente e influenciador, o rock and roll, antes marcado pelo som do saxofone e hoje pelo eletrizante som da guitarra. Em Roraima, o estilo ganhou força em 1985, quando surgiram várias bandas que serviram de influência para as mais recentes.

O músico Rímolo Pina acompanhou cada passo do desenvolvimento desse estilo musical no Estado e contou que foi na década de 80 que o ritmo começou a dar os primeiros passos, seguindo a linha das bandas nacionais e internacionais. 

“O rock teve sua explosão com base na rebeldia da sociedade, que era contra o sistema, o preconceito e a ditadura. Foi nessa época que começaram a se formar as bandas de rock no Estado, dentre elas: Naja, com Odeli Sampaio, Classe Média, com Bem Charles, Grande Capital, Face two Face e Eclipse”, destacou Pina.

O músico revelou que o primeiro festival de rock promovido em Roraima ocorreu em 1985, na escola Maria das Dores Brasil, no bairro 13 de Setembro. “Posteriormente a este evento foram realizados outros festivais um na escola Euclides da Cunha [Centro] e outro no Ginásio Hélio Campos [bairro Canarinho]”, disse.

A partir de 1990 começaram a surgir as bandas autorais. As primeiras a se destacarem no segmento foram a Face Oculta e a Corpus. Já de 1991 a 1994, o rock começou a perder grande parte de seu espaço para outros ritmos como o axé, pagode, forró e toadas de boi. 

Mas novamente em 1995 começou timidamente a conquistar seu espaço, através do músico Ben Charles e da banda Garden. “Mas foi em 1998 que o rock se consagrou e se fixou no Estado, época em que as instituições começaram a investir nas bandas locais”, disse Rímolo Pina.

Nesse período surgiram novas bandas, dentre elas uma que se destacou por servir de influência aos cantores iniciantes a banda de rock and roll, a LN3. Com impulso dessa surgiram várias outras. “Hoje conseguimos notar que as pessoas estão começando a absorver esse estilo musical e isso é uma conquista”, declarou. 

Um fato que marcou a história do rock em Roraima foi a vinda da primeira banda de rock ao Estado. “No auge do ritmo, em 1985, a banda Tokyo do cantor Supla veio a Roraima e realizou um excelente show com pré-show feito pelas próprias bandas locais”, lembrou.

CENÁRIO ATUAL DO ROCK RORAIMENSE 
Veludo Branco no Festival Megafônica de 2010, em Belém - PA 

Para o músico Vinícius Tocantins, o sentimento que representa o rock and roll para os adeptos é a atitude. “Quem gosta desse ritmo tem que ter atitude, não fazendo coisas absurdas ou querendo ser diferente, mas sendo você mesmo, agregando o rock ao seu estilo de vida, seguindo os novos ritmos e não se esquecendo das expressões regionais”, declarou.

Tocantins comentou que começou a tocar em 2007 nos festivais realizados por uma das instituições que mais fomenta o rock em Roraima, o Sesc. “Comecei a tocar em um momento em que várias bandas, que não estão mais na ativa, tocavam como a LN3, Sophia não foi à escola e outras”, lembrou.

No cenário atual de Roraima o desenvolvimento desse ritmo está constante. O apoio do Coletivo Canoa Cultural - responsável por serviços de assessoria, agenciamento e mini-turnês - e o diálogo contínuo entre as bandas Mr Jungle, Garden, Alt F4, Ostin, Rolling Bones, Johnny Manero e outras, mantém o cenário sólido. 

“Estamos conversando para a construção de uma coletânea feita com as bandas de rock locais junto com a plataforma de distribuição do Fora do Eixo. A coletânea será distribuída nos maiores festivais independentes do Brasil. É uma espécie de cartão de visita do Rock Macuxi”, destacou o músico.

Segundo ele, as principais dificuldades estão relacionadas ao deslocamento para outros estados e à baixa velocidade da internet para divulgação do trabalho. “Mesmo com as dificuldades hoje temos pelo menos uns quatro estabelecimentos que trabalham o rock”, disse referindo-se a bares e choperias.

Tocantins comentou que na parte de festivais o Canoa Cultural promove os mais diversos durante todo o ano, com o intuito de alavancar o ritmo no Estado. “Não podemos deixar de citar as instituições do Sistema S, como Sebrae e Sesc, que também acreditam e investem no rock roraimense”, frisou.

Questionado sobre o possível preconceito da sociedade para com os roqueiros, o músico falou que no rock autoral sempre vai existir preconceitos por conta da força do vanguardismo do estilo musical. 

“Mas, ao contrário desse, o rock cover é bem aceito na cidade. Acredito que no futuro bem próximo aqui em Roraima as pessoas vão curtir as duas formas de rock, seja ela autoral ou cover, da mesma maneira”, complementou.

A aceitação do ritmo musical em Roraima, apesar de não fazer parte diretamente da cultura regional, é bem significativa. “Hoje as bandas têm espaço para tocar em bares, boates e festivais. É claro que na noite a procura ainda é forte pelo cover, mas acredito que o movimento autoral já está sólido, através dos festivais, pockets show, apresentações no interior de Roraima e mini-turnês”, acrescentou Tocantins.

ADEPTO AO ROCK AND ROLL
Mr Gonzo na Rodoviária de Santa Maria - RS, em turnê de 2010 com a Veludo Branco 

O músico e produtor musical Victor Mateus se diz adepto nato do rock e, para mostrar sua admiração pelo ritmo, desde 1992 mantém uma coleção de mais de dois mil itens todos relacionados à história e desenvolvimento rock.

“Guardo todo esse material para fins de pesquisa e também é uma forma de contribuir para o resgate desse estilo musical. São os mais variados produtos entre disco de vinil, panfletos, CDs, DVDs, pôsteres, revistas, adesivos e livros”, revelou.

A história do rock começou em 1957 quando surgiu o cantor Elvis Presley com uma junção de pele branca, com voz de negro e um jeito singular de ser. “Contudo, uma nova vertente do estilo surgiu, a qual relaciona o rock com a diversidade da música, pois é uma junção dos estilos gospel, blues e country”, observou Mateus. 

Uma curiosidade citada pelo músico está relacionada à receptividade dos roraimenses para com o ritmo, já que Roraima está no extremo Norte do país, onde o som predominante é o forró.

“Com um número cada vez maior de adeptos, o rock vem quebrando paradigmas e fazendo com que a população o veja como um ritmo que faz parte da cultura regional. O que falta mesmo é uma produção adequada às bandas, com materiais de qualidade para divulgação”, comentou. 

Mateus enfatizou que atualmente Roraima possui aproximadamente 30 bandas de rock formalizadas dentre covers e autorais, as quais participam periodicamente de festivais e shows realizados pelo Sesc e agora também pelo Departamento de Cultura da Universidade Federal de Roraima (UFRR), que está com projetos voltados ao rock and roll roraimense.  

SESC, FOMENTADOR DO ROCK EM RORAIMA  
Espaço Multicultura do Sesc - Sesc Fest Rock de 2005 

Por estar localizado no extremo Norte do Brasil, Roraima é um celeiro musical, onde predominam os mais variados estilos musicais das regiões, seja forró, pagode, axé, country, mas um ritmo que vem conquistando espaço entre os roraimenses é o rock and roll, que ao longo da história tem se desenvolvido e ganhado mais adeptos. 

“Além de revelar bandas de grande expressão e nos mais variados estilos como hard core e heavy metal, o rock é um segmento de grande importância dentro da produção e difusão artística do Estado, colocando assim vários artistas locais em evidência no mundo musical”, disse a gerente de cultura do Sesc, Vera Vieira. 

O Sesc tem sido parceiro constante do movimento, por meio da realização de eventos que criam espaços de intercâmbio cultural entre os artistas e contribuem para o contínuo amadurecimento da produção musical da região.

Entre os eventos promovidos pela instituição estão o Roraima Rock, Espaço Rock e Roraima SESC Fest Rock. Dessa forma, o Sesc tem ajudado a divulgar, desenvolver e fazer reconhecido o ritmo no Estado, sendo presença marcante nas ações de parceria e apoio.

Nos dias 5 e 6 de agosto, no Ginásio de Esportes do Centro de Atividades Dr. Antônio de Oliveira Santos, o Sesc vai realizar o VII Roraima Sesc Fest Rock, que será uma realização da instituição junto com o Coletivo Canoa Cultural e o Fora do Eixo.

“Nesta edição estarão participando as bandas locais: Haadj, Ostin, Rolling Bones, AltF4, A Coisa, Jamrock, Insert Rock, Kadima, Kandelabrus e Iekuana. Além das bandas Nevilton (PR), Disritmiä (AM), Los Porongas (AC) e o encerramento será com a banda nacional Cachorro Grande, do Estado do Rio Grande do Sul”, afirmou Vera.

Este texto foi originalmente publicada em http://www.folhabv.com.br/noticia.php?id=112331

2 comentários:

Nathalia disse...

Volta LN3

Cesar... disse...

foto jurássicaaaaaa da lepthos.. kkkkk..