7 de mar. de 2011

GRITO ROCK BOA VISTA 2011 – PARTE 2


Por Victor Matheus - Blog Roraimarocknroll

Em 2011 não participei colaborando na produção no GR BV, mas fui convocado a fazer a apresentação do festival, o que me permitiu acompanhar mais atentamente a cada show, e poder explanar com mais propriedade sobre cada banda que se apresentou no GR BV 2011, deixando aqui exclusivamente meu ponto de vista, minhas críticas construtivas e observações pontuais.

Quero deixar claro que sou um entusiasta do rock n’ roll e não sou juiz pra julgar certo ou errado a postura das bandas. Exponho apenas meu ponto de vista baseado em minha experiência de 11 anos de palco, estrada, shows, como agitador e produtor cultural, e é claro, como público apreciador de música e artes em geral. Ouvi muitas críticas boas e ruins na estrada sobre meu trabalho e absorvi todas elas, tirando suas lições que contribuíram na minha formação artística me dando novos horizontes e possibilidades. É preciso levar nossa arte além do palco, e perceber que existe além do que apenas em 30 minutos de show e ponto.

Minha opinião pode, e com certeza será divergente de outras, mas cada um tem uma forma de pensar, uma linha de raciocínio e vê o que acontece em óticas diferentes. Pondero tudo em minhas palavras, sem deixar nem mesmo a autocrítica de lado, e justamente por ser muito autocrítico e incansável caçador da perfeição no que faço (algo que nunca acontecerá) sempre estou disposto a debater esse tipo de assunto e ouvir opiniões diferentes. 

GRITO ROCK BOA VISTA 2011 – 1ª NOITE

INSERT ROCK

Formada pelos garotos Wilian (V), Luiz (B), Murilo (G), Rodrigo (G) e Lucas (Bt), a INSERT ROCK teve a responsabilidade de abrir o Grito Rock Boa Vista 2011. O som da garotada segue a linha HC, com todos os seus pulinhos e refrões clichês que falam de amor. Apresentaram músicas próprias regulares, mas que precisam ser mais polidas. A dupla de guitarra precisa ter mais dinâmica nas melodias, pois 2 instrumentos tocando a mesma harmonia, desafinados, além de embolar o som não dá brilho as músicas.

Banda boa toca afinada e tira o som do instrumento, no caso do baixista Luiz falta mais cuidado na execução das notas, pois invés de maltratar o baixo não custa nada tocar certinho e reto, pois soa bem melhor, e é justamente isso que o batera Lucas, a meu ver o MÚSICO REVELAÇÃO desse GR faz certo. O garoto tira o som da batera, toca com tesão e tem segurança no que faz. A INSERT ROCK tem ainda muita estrada pra rodar, mas aponta pelo caminho certo, pois já tem seu público cativo que canta as músicas da banda, além de ter potencial pra se destacar durante o ano na cena. Falta presença de palco da banda, o visual é regular e as músicas têm pouca dinâmica, mas com polimento no som e na postura, é bem provável que teremos mais uma boa banda de HC na cena local.

HAADJ

Há 5 anos atrás a banda O CHAMADO formada por caras fã de Guns N’Roses tinha a proposta de ser uma banda de tributo ao Guns N’Roses. Passado o tempo, parte dos seus integrantes, entre eles Gleison “Axl Dove” (V), David (G), Janderson (G) acompanhados de Wenderson (B) – ex banda Belinni - e o convidado Cabelera (Bt) formaram a HAADJJ com a proposta de tocar músicas próprias inspiradas no Hard e Glam Rock dos anos 80, mas o que se viu no palco no GR não chega nem perto de ser um fantasma do som que eles tentam emular.

A banda parece mais um BON JOVI sem laquê nos seus piores discos, tocando baladas próprias poucos inspiradas, músicas mais rápidas com riffs de guitarra interessantes mas totalmente clichês . Sem postura alguma de palco, com exceção do esforço do vocalista Gleison em interagir com o público, a banda HAADJJ ainda tem muita poeira pra comer na estrada se tiver mesmo a pretensão de ser uma banda de Hard Rock de respeito. Há bons músicos no time, mas só técnica não basta, é preciso alma e atitude pra se fazer nome e ter reconhecimento.

O grupo bem que tentou, mas não cativou o público, e mesmo apostando auto no fim do show com o cover MR BROWNSTONE do Guns N’Roses, não tão bem executado, e a parte final de ROQUET QUEEN, também do Guns N’Roses, com falhas de execução e no vocal, a HAADJJ soou mais como um POP anos 80 sem inspiração do que realmente a banda que se diz fazer Hard Rock.

Já prometem um disco para esse ano, a meu ver precipitadamente. A banda precisa se produzir mais, se atualizar do que está rolando no cenário local e no circuito independente, participar da cena não apenas tocando e indo embora em seguida, mas também trocando idéias, articulando, e explorando a capacidade dos seus músicos como instrumentistas. Sei que se “espremerem” seus talentos e tiverem um pouco mais de atenção, desse caldo pode render muita coisa, cabendo somente a eles desejarem fazer e arriscar mais. É preciso enfrentar seus próprios inimigos e medos para realizar seus sonhos.

NEUBER UCHÔA

Pra quem acha que o Grito Rock é só rock está totalmente enganado. O Canoa Cultural também dá espaço na sua programação para os artistas populares de Roraima, atitude louvável que apresenta pra nova geração os pioneiros na música em nosso estado e dá uma maior compreensão da importância desses artistas na construção do cenário cultural local. O Maior movimento nesse sentido, sem dúvida alguma é a Roraimeira, no qual muitos artistas novos têm bebido da fonte fortemente.

Acompanhado de Rafael (B) e Gleidson Santos (Bt) o mais pop dos roraimeiras, Neuber Uchôa já entra com o jogo ganho em qualquer show que faça em Boa Vista. Tudo isso porque são mais de 25 anos de carreira, bons discos lançados com músicas regionais porém ultra acessíveis a grande massa e uma simpatia que esbanja, vende e dá de graça para o público que aplaude e acolhe calorosamente suas músicas, cantando a maioria a plenos pulmões. 

Cresci ouvindo e cantando Neuber Uchôa e hoje divido o mesmo palco com ele. É uma honra para mim, e o tenho como exemplo de artista persistente que não se acomoda com o status que tem, sempre procurando evoluir artisticamente. Pra quem é da música e gosta de música popular roraimense, Neuber Uchôa é lição de casa obrigatória.

Unindo carisma, qualidade poética em suas letras, harmonias simples e açucaradas, Neuber Uchôa faz música popular universal, pra todas as raças, todas as culturas e todos os gostos.

OSTIN

Quando surgiu há 2 anos atrás, a banda OSTIN, formada por Hugo (V), Fabson (G), Neto (G), Knot (B) e Rodrigo (BT) fez o dever de casa certinho. Formou seu público, se articulou, chegou a participar do Grito Rock Macapá, gravou EP, mas se perdeu no caminho.

Não tocar bem não é mais desculpa quando se está há 2 anos na estrada. O som da OSTIN está mais embolado e inaudível do que nunca, parte por culpa dos músicos se preocuparem mais em dar pulinhos feito umas galinhas fugindo da panela, parte pelo desleixo de alguns em não estudar seus instrumentos.

Mesmo entrando com o jogo ganho, público fiel cantando as músicas, participações especiais do antigo vocalista – Felipe “Fred” Veras, não resolve a parada. Tentaram explorar novas possibilidades em suas músicas, o que é louvável, colocando sintetizadores, mas vamos combinar que uma vez aqui e outra ali soa legal, mas em toda música enche o saco pra caralho.

O baixista KNOT devia se preocupar mais em tocar certinho, cantar afinado, e afinar seu instrumento ao invés de pular o tempo todo. Parece forçado. Só ter o visual não basta, tem que saber tocar. O Mesmo posso falar do Fabson, guitarrista que tem potencial, mas se acomodou. Tem o visual do estilo HC, toca certinho, mas pode mais, disso não duvido. Já o guitarrista Neto vem melhorando cada vez mais no seu instrumento. Aprimorou sua postura de palco, explora mais os timbres da sua guitarra e toca como tem que ser: pra se divertir. O batera Rodrigo é um caso a parte: o músico mais seguro da banda tem evoluido muito no instrumento e tocado cada vez melhor. Vejo um bom futuro como músico pra ele. O vocalista Hugo cumpre bem o seu papel. Tem um timbre de voz agradável, mas sua imagem não combina com o HC. A pegada dele é mesmo o pop reggae que faz com a JamRock, e tá perdendo tempo cantando HC.

Pontuo também o cuidado com o repertório. Terminaram o show pra cima, com a galera pirando, e voltaram pro Bis com uma balada que morgou geral. Mataram o show e perderam a guerra. Têm que se ligar mais nisso e ter o feeling de perceber o que o público tá sentindo e quer de resposta.

Se continuarem acomodados, a OSTIN não passará de mais uma banda de HC de Roraima, do contrário, tem tudo nas mãos pra se destacarem e terem o respeito não só do público, mas da crítica e de quem admira boa música.

VELUDO BRANCO

Falar da própria banda não é fácil, por isso assisti várias vezes a gravação do nosso show para poder expor minhas autocríticas.

Particularmente sai satisfeito do palco com a nossa apresentação. Apesar do imprevisto de ter que nos 45 do segundo tempo convocar o amigo ARMANDO BASS pra assumir o baixo na ausência do Mirocem, tudo rolou muito bem. Foi histórico voltar 5 anos no passado e rever a primeira formação da Veludo Branco no palco.

Nosso repertório foi basicamente composto por músicas feitas na época que o Armando fazia parte da banda mais algumas composições novas. O Mantra pra Veludo Branco esse ano é “Amadurecimento para o próximo passo. Renovando sem esquecer o passado”.

Toco pra me divertir, pelo prazer, e dividir o palco com outros músicos que tem o mesmo espírito é quase tão bom como um sexo depois de umas brejas. Diferente dos outros anos, senti mais carinho do público. Vi muita gente curtindo nosso som, gritando pra tocar Raul, comprando a nossa idéia mesmo. Confesso que antes só tinha essa sensação quando tocávamos em outros estados.

Apresentamos músicas novas e pelo visto a galera também gostou. Estamos explorando novos caminhos, não querendo inventar a roda de novo, mas fazendo ela girar diferente. O som estava muito bom, o que facilita na hora de descer a lenha. Cantei muito seguro como não cantava fazia tempos e toquei com tanto tesão que cortei o dedo da mão. Ossos do ofício.

O melhor de tudo foi ver o Cesar Matuza no alto dos seus 40 anos tocando como um garoto de 15 e olhar pro lado e ver o Armando tocando com vontade, não apenas cumprindo a função de bater o ponto.

Não somos a melhor banda de todas e nem pretendemos ser. Reconhecemos nossos limites, nossas qualidades e defeitos, mas sempre tocamos e fazemos nosso show com o amor e prazer de sempre, o mesmo tesão de 5 anos atrás. O que importa pra gente é se divertir no palco. Ali em cima são apenas 3 caras tocando o bom e velho rock n’ roll pra se divertir e esquecer dos problemas da vida real. Enquanto existir essa química a Veludo Branco vai estar por aí, e sempre tentando ser melhores naquilo que nos propomos fazer.

ROODIE – AM

Em 2009 toquei com a Veludo Branco no Grito Rock Manaus. Fomos recebidos e deixados aos cuidados da galera da banda ROODIE. Construímos uma amizade pra vida toda, e de lá pra cá permanece a mesma. Já curti o som deles na primeira vez que os vi lá em Manaus. De lá pra cá esperava mais, e minha expectativa foi saciada.

A ROODIE cresceu muito, na formação e o no som. Hoje conta com Augusto (V,G), Aline (Bt), Thiago (G) e Gabriel (B). Banda pronta, coesa que faz o dever de casa. Lançou seu disco por aqui, e o som foi de primeira.

Nem mesmo a chuva que caiu desanimou a galera que chegou junto no palco e bateu cabeça. O vocal e guitarra AUGUSTO faz bem o papel de front man no estilo largadão/bermudão/diversão. Gosto da postura do cara que tem anos de estrada e sabe como se portar no palco. A baterista ALINE poliu seu talento de lá pra cá,e hoje bota muito cara no bolso quando o assunto é tocar bateria. O que falar do baixista GABRIEL: Quem usa costeletas e bate cabeça já entra ganhando o jogo. Já o guitarrista THIAGO faz a linha mais “Zen” dando equilíbrio pro quarteto.

Em resumo um show excelente pra quem curte rock n’ roll dos bons e bem tocado por gente que sabe o que tá fazendo no palco!

ALT F4

Sinceramente não sei qual é da ALTF4. A banda tem um bom trabalho de divulgação, músicas simples porém legais de ouvir, vem melhorando no palco, tem um visual autêntico, músicos regulares, mas está sempre naquela de que “vai acontecer”.

O vocalista NETO melhora a cada show na sua postura de palco. Não sou fã do seu timbre de voz, mas ele cai bem nas músicas da banda. O cara já tem segurança de palco e sabe conduzir o público. Agora é mandar ferro e continuar nesse caminho. Já o baixista BETINHO está mais ligado no palco. Toca melhor seu baixo e se preocupa mais em fazer o serviço da cozinha do que comer pipoca na sala, em outras palavras, tocar certo ao invés de só pular feito canguru. O guitarrista NETO segurou a onda sozinho, já que o BENTO FILHO, outro guitarrista da banda não estava presente. Quem leu o post desde o início já sabe minha opinião sobre o baterista Rodrigo. Cumpriram o seu papel de fechar o evento, mantendo o nível e segurando a galera até o final.

Só falta pra ALTF4 dispor da mesma articulação que tem de divulgar seu trabalho na sua produção de show e de carreira. Já passou da hora do próximo passo. É preciso explorar novas dinâmicas na sua música e arriscar mais se quiserem ser a banda foda de HC de Roraima. Que tomem de uma vez por todas a frente do seu destino, do contrário acabarão igual a Ostin, sendo só mais uma banda de HC de Boa Vista.

*Crédito das fotos – NUCOM Canoa Cultural

5 comentários:

Unknown disse...

Eu não estive presente no Grito, por motivos maiores, por isso não posso nem devo falar das apresentações. Li a avaliação do autor e muita coisa me indignou. Sem papas na língua vou expor a minha opinião.

1)- Insert:
Banda iniciante tem sempre o papel de abrir as apresentações. Acompanho a trajetória dos garotos e ao meu ver vem melhorando a cada show, conquistando o seu público e levando-os aos shows. Todos aprovam no final!

É válido os 'toques' que o autor dá, mas falta um pouco de senso.

(continua...

Unknown disse...

2)- Ostin: @@@@@@)*¨%#%#@%!#¨%$*

Giovanni Souza:
"Mano, a #ostin foi FOOODA ontem"
biaquintella:
"a #ostin tbm foi maravilhosa"
alvarooalves:
"#GritoRRock foi massa hoje a @insertrock foi foda, e a #Ostin nem se fala!"

Opa, peraí..
tem algo errado aí!

A formação da Ostin tem seus altos e baixos sim, mas jamais deixou de fazer O SHOW. Quando sobem ao palco flertam com o público como poucas bandas sabem fazer. Impressiona até 'carcará'!

O povo diz: Ostin foi o pico do Grito Rock.
E isso não condiz com o que foi avaliado.

A VOZ DO POVO É A VOZ DEUS!

Legenda:
@@@@@@)*¨%#%#@%!#¨%$* (FUDIDO!)

(continua...

Unknown disse...

3)- AltF4:

Concordo com a avaliação, porém..
Aos que não foram ao show (eu) e está lendo esta resenha não fica claro o que foi o show da AltF4. Acho que terão de ir aos próximos shows e ver o que 'vai acontecer', se corresponderá as expectativas, ou não.

Consideração final: Acho que a resenha não flui nem influi.

Façam o show para o público, eles que irão apreciar, gostar e dizer de forma diferente ao que está escrito em cima.

Abrá,
Grato.
@GTRbfilho

Anônimo disse...

Ainda bem que é "apenas a sua opinião"...

Anônimo disse...

o bento falou tudo! quem é você para jugar? se fosse alguém com "bala na agulha" tudo bem mas nâo.Mas claro não vou deixar de te elogiar, gostei da sua iniciativa, maaas tente aliviar mais com precisão.