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O Diário de Bar da banda Veludo Branco volta no tempo, mais precisamente no final de 2006 para contar o início da história do power trio de blues rock roraimense e relembrar o começo da carreira do grupo, as primeiras composições, formações embrionárias, além de traçar um paralelo interessante de como andava a cena rock local naqueles tempos.
A cena rock de Roraima em 2006 era bem diferente da atual. O cenário era dominado por bandas covers, bandas de proveta, e poucas eram as bandas autorais em atividade. Entre elas, para puxar rápido na memória, Sheep, Klethus, Arroto do Sapo, Mr Jungle e LN3. O Espaço Multicultural do Sesc Centro era o grande templo do rock Roraimense, e o Roraima Sesc Fest Rock o maior festival de rock até então, e o único na verdade que acontecia, chegando a sua segunda edição. Havia poucos lugares para as bandas tocarem, especialmente as autorais. Entre esses picos havia o Porto do Babazinho, a Praça Ayrton Senna, as pistas de Skate e alguns bares e boates que só aceitavam bandas covers se apresentando. Quem aí se lembra do Baba Gula, Lounge Bar, Dunia e a Casa do Rock do 13 de setembro?
Em novembro de 2006 eu, Mr Gonzo, após 2 anos, havia deixado em definitivo a banda Mr Jungle. Estava disposto a montar um novo projeto musical, inspirado no blues. Tinha muitas idéias na cabeça e um projeto antigo engavetado. Havia escolhido o nome do grupo, que foi batizado de “Blues Beer Woman”, mas não encontrava os integrantes para completar a formação. Desisti. Nessa época, Cesar Matuza, liderava bravamente a banda de metal Lepthospirose, hoje já cultuada na cena rock roraimense, que passava pela fase de transição de cover para autoral e mudanças na formação. O encontro etílico entre Eu e Matuza selaria por definitivo nosso futuro musical e mudaria os rumos do nome de Roraima no cenário independente de rock do extremo norte do Brasil. Fato.
Muito diferente do que é hoje, naqueles tempos não havia as famigeradas “panelinhas corporativistas”. A cena rock era orgânica e de certa forma harmoniosa apesar de ainda embrionária e sem uma identidade definida. A convivência entre as pessoas e personagens da cena era pacífica, e as disputas se limitavam apenas a quem agüentava beber mais durante os encontros dos rockers locais para ouvir música, geralmente no estacionamento da praça, ou em frente as boates e bares da cidade. A grana era curta nessa época. Vinho Galioto, light lemon e “polarcita” era o que bebíamos. Ouvíamos muito rock, nas alturas... O repertório variava entre Iron Maiden, Black Sabbath, Metallica, Accept, Motorhead e ACDC, e não havia a moda do happy rock escroto que temos hoje. Camiseta preta de bandas, jeans e all star eram os nossos figurinos. Ainda tenho guardado em casa uma mala com dezenas de camisetas, jeans e acessórios dessa época...
Numa dessas noites descrita acima, Cesar Matuza e Eu conversávamos sobre rock n'roll e bandas. Comentei meu projeto musical com ele, que gostou de imediato. Naquele momento, mais precisamente em frente a boate Baba Gula, bebendo vinho, ouvindo ACDC, escorado no Opala Branco do Matuza, no dia 10 de novembro de 2006 nascia a banda Veludo Branco (que ainda não tinha sido batizada com esse nome). Desde aquele instante, ficou claro para nós dois como nossa nova banda deveria soar: Letras etílicas e sacanas, no estilo das Velhas Virgens e Matanza, um som agressivo como do Black Sabbath e ACDC, e totalmente inspirado no som e visual vintage, dos nossos heróis da década de 60 e 70. Queríamos remar contra a maré, e isso não abriríamos mão.
Recrutei Lucas Fontinelle para o posto de Vocalista. Para relembrar quem é o Lucas, basta recordar que minha primeira banda chamava-se Papa Velhas, que esteve na ativa entre 2001 e 2004, nascida nos corredores da Escola Técnica Federal de Roraima, que abriu caminho para outras bandas que nasceriam por lá também por motivos semelhantes, como a Enigma, Módulo Alpha (que se tornaria Somero) e AltF4. Também convidei o André “Alemão”, que cantava e tocava guitarra na banda Supernova (não confunda com a Supernova dos tempos atuais. Inicialmente o André dividiria as guitarras comigo, mas como não havíamos encontrado um baixista para o primeiro ensaio, ele assumiria provisoriamente essa função.
A 1ª formação da Veludo Branco ficou assim:
Lucas Fontinelle – Voz
André Alemão – Baixo
Cesar Matuza – Bateria
Mr Gonzo – Guitarra
O primeiro ensaio da banda aconteceu no em março de 2007, na casa do André Alemão. Como decidimos ser uma banda autoral, não perdemos tempo e fomos criar. Uma semana antes do primeiro ensaio, Cesar Matuza me enviou os rabiscos de uma letra com o título “Na Trilha do Asfalto”. Fiz uns ajustes, troquei algumas palavras, coloquei alguns versos, mudamos o título e nascia nossa primeira composição: OPALA BRANCO. Paralelamente esse seria o nome de nossa banda também.
Erasmo Carlos disse uma vez que “o dó maior une as pessoas”. Perfeito sua citação, mas eu costumo dizer que o “lá maior é a nota do blues rock”. Quem ouve ACDC sabe do que falo. Quem ouve Veludo Branco também (risos). Compus o riff principal, em lá maior, da música “Opala Branco” totalmente inspirado no Black Crowes. Essa levada funk/rock era minha obsessão. Inserimos uma parte pré – solo com uma pegada progressiva por conta da influência da banda Rush, da qual Cesar Matuza é fã obsessivo do mesmo modo que sou do Black Crowes.
O resultado disso pode ser visto no vídeo a seguir, exclusivo e publicado em primeira mão aqui. Veja como nasceu o maior hit da Veludo Branco, registrado no primeiro ensaio da banda. Ouça como a música soava e compare com a versão final que está em www.palcomp3.com.br/veludobranco. Além desse registro há os bastidores do primeiro ensaio.
Registro do 1º Ensaio da banda Veludo Branco
Infelizmente a química musical não aconteceu com o André Alemão. Decidimos convidar o Armando Bass Pitchula para assumir o posto de baixista do grupo. Os ensaios da banda passaram a acontecer aos sábados, pela manhã, na minha casa. Uma curiosidade: Cesar Matuza usava um kit reduzido de bateria para os ensaios, devido ao barulho. Usava um microfone como pedal de bumbo.
A 2ª formação da Veludo Branco ficou assim:
Lucas Fontinelle – Voz
Armando Bass – Baixo
Cesar Matuza – Bateria
Mr Gonzo – Guitarra
Finalmente a banda começava a trabalhar e criar vorazmente músicas que mais tarde integrariam o repertório do nosso primeiro disco. Em duas semanas tínhamos um repertório suficiente de músicas próprias, 5 no total, para realizar o nosso primeiro show. Um grande amigo nosso, Wander Longhi, faria aniversário no fim daquele mês de março de 2007 e nos convidaria para tocar em sua festa. Seria nossa estréia, e nada melhor que numa festa de amigo, cheio de bebidas, do modo mais underground possível, mas isso fica para outra dose...
Continua...

Um comentário:
a história da musica opala branco, essa foi a prieira vez que ela foi executada.
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