13 de set. de 2012

DIÁRIO DE BAR: FESTIVAL CASARÃO 2012


Por Victor Matheus

Power trio Veludo Branco retorna a cidade de Porto Velho, onde começou sua história, para escrever um novo capítulo no maior festival independente da região norte – O Casarão, dividindo o palco com os gaúchos do Cachorro Grande, Pouca Vogal e bandas em ascensão como Cassino Supernova (DF) e Kali e os Kalhordas (RO).

Contrariando a lógica comum para a maioria das bandas independentes do Brasil, em especial as da Região Norte, a Veludo Branco fez sua estréia oficial nos palcos do rock n'roll como um power trio em 2007, sendo a headliner e fechando a última noite do emblemático e seminal Festival Beradeiros, realizado na cidade de Porto Velho – RO e organizado na época pelo Coletivo Beradeiros. De lá pra cá foram mais 3 shows em PVh, incluindo no ano seguinte no Béra Night (evento organizado especialmente para a Veludo Branco), em 2009 pela 1ª vez no Festival Casarão, com Ratos de Porão e Pato FU e agora, em 2012 pela 2ª vez no Casarão.


Foi em Porto Velho também que a história da Veludo Branco se confunde com a vida pessoal desse blogger rocker que escreve este relato, pois foi lá que conheceu o grande amor de sua vida e que hoje é sua esposa e mãe do seu primeiro filho. Motivos não faltam para fazer dessa cidade um capítulo importante na história do power trio Veludo Branco e por essas razões nos sentimos em Porto Velho como em nossa própria casa, como se tivéssemos passado apenas um breve momento ausente de férias e voltando ao lar.

Pode parecer muito simples e prático pelas questões geográficas chegar a Porto Velho - RO, vindo de Boa Vista – RR, mas para a nossa infelicidade, a malha aérea brasileira literalmente fode a nossa vida e testa nossa paciência. Em tempo: O trecho aéreo de Boa Vista para Porto Velho faz uma escala/conexão em Manaus – AM de “adoráveis” 7 horas de espera na ida, e 6 horas na volta, um verdadeiro teste de paciência para qualquer pessoa. Felizmente cada integrante da banda veio acompanhado de sua respectiva esposa, afinal passaríamos um feriado prolongado que duraria 4 dias, então unimos o trabalho (tocar no Festival) ao passeio turístico com a família na terra da E.F.M.M., que tornou a espera menos ruim e ainda nos proporcionou uma situação no mínimo inusitada: No mesmo vôo encontramos o ex baixista da banda, Mirocem Beltrão que também passaria o feriado por lá. (Mirocem foi baixista da Veludo Branco entre 2007 e 2011 e coincidentemente veio de Porto Velho – outra razão pela cidade ser tão especial na história da banda – risos).

Chegamos quinta-feira, 06 de setembro por volta das 11h da manhã em Porto Velho, num clima “agradável” beirando os 40 graus e umidade relativa do ar abaixo de 10%. Fomos recebidos pela equipe de atendimento do Festival e levados de micro-ônibus ao Ecos Hotel, localizado no centro de Pvh e mesmo lugar de hospedagem das bandas “grandes” e convidadas de outros estados. Atendimento digno com as bandas, exemplo de respeito com os artistas e não o que se vê em muito festival por aí e aqui mesmo em Roraima, que mama nas tetas de editais públicos e nem se quer fazem o mínimo, que é colocar a banda num hotel legal e oferecer um rango bom, já que sempre exploram os artistas com as velhas desculpas chorosas da laia corporativista sangue suga pseudo colaborativa de não pagar cachê, passagens aéreas e blá blá blá. Para nossa felicidade além de ficarmos no mesmo andar do Cachorro Grande e Pouca Vogal ainda almoçamos com eles numa churrascaria incrível chamada Araguaia, com direito a rodízio e “open bar”.


Cesar Matuza e Humberto Gessinger do Pouca Vogal/Engenheiros do Hawai

O FESTIVAL 

O Festival Casarão chegou a 13ª edição comemorando muito e celebrando a sua história. Foram 4 dias de eventos e um total de 21 shows, com bandas headliner de nome nacional como Cachorro Grande, Pouca Vogal e o cantor Wado, muitas bandas de Rondônia, com destaque para a poesia musical de Kali e os Kalhordas, o esporro sonoro dos cultuados Coveiros, a sonoridade psicodélica da beira do madeira da banda Beradelia, a suavidade quase ecumênica da banda Transmissor de Minas Gerais (um dos grandes destaques de todo o festival), o rock esquizofrênico e volátil do Tangherines and Elephants do Paraná, o som retro do Cassino Supernova do Distrito Federal (outro destaque absoluto do festival), o indie brega da banda Descordantes do Acre (grata surpresa) e nós, Veludo Branco de Roraima, numa verdadeira maratona musical, um banquete para os amantes da música independente do Brasil e prato cheio para os críticos e jornalistas deitarem e rolarem para o bem e para o mal. 


O QUE FICA?

Retornar após 3 anos a cidade onde recebeu a Veludo Branco de braços abertos no começo de nossa carreira, nos trouxe um sentimento de novo recomeço. Reencontrar o passado no presente e projetar um futuro é algo nem sempre fácil de fazer, mas sentimos claramente nos olhos dos amigos que reencontramos em PVh de longa data, no público que nos prestigiou, nos contatos que fizemos, que vale a pena o esforço em arriscar tudo quando se tem um sonho na vida, mesmo que as vezes aconteçam revés ou críticas negativas quanto ao seu trabalho. Por incrível que pareça, o “negativo” se torna um estimulo a mais para a Veludo Branco, um novo desafio a ser superado. 


Ser reconhecido pelo seu trabalho e principalmente recebido carinhosamente pelo público de uma cidade com tantos talentos, tantas bandas, lugares para tocar e festivais gigantes como é o Casarão é muito mais que pudéssemos imaginar, e enxergar o que prevaleceu em nosso legado cultivado em PVh, que vai além da música, nos dá combustível para continuar trilhando nesse caminho que escolhemos: Ser independentes e donos do próprio nariz.


Somos gratos a todos que fazem parte da nossa história, aqueles que nos apóiam, especialmente nesse novo capitulo da história da Veludo Branco ao Festival Casarão (Vinicius Lemos) por acreditar no nosso trabalho e nos dar oportunidade de retornar mais uma vez ao festival e a cidade onde nossa história começou, ao amigo pra todas as horas Fábio Gomes, que além de agente da banda é o quinto elemento dessa quadrilha do rock n’roll (risos), aos amigos que temos como família em PVh, em especial a Carol Melo que gentilmente cedeu sua “baratinha” para que pudéssemos conhecer a cidade e nos salvou de muitos apuros, e especialmente as nossas esposas por estarem ao nosso lado e apoiarem as loucuras rockers que a Veludo Branco faz. 


Que venha o próximo capitulo em nossa história, o próximo show, o próximo festival, e que seja tão significante como o que acabamos de vivenciar em Porto Velho. A chama continua acesa e o amor pelo rock n’roll também.

Fecha a Conta.

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