20 de jan. de 2011

OS FRUTOS DA SEMENTE DE ONTEM


Por Vcitor Matheus - Blog Roraimarocknroll

O ano de 2011 já começou, e em breve estará acontecendo em Boa Vista mais uma edição do Grito Rock América do Sul.

Como nas edições anteriores, bandas e artistas locais se misturarão a grupos convidados, e ações paralelas como mostra audiovisuais, oficinas e mesas de debates sobre cultura também devem acontecer, sendo uma ótima oportunidade para os agentes culturais locais e bandas terem um termômetro do que vai rolar durante o ano no circuito fora do eixo e alternativo e nas micro-rotas de circulação que estão se estalebecendo.

Particularmente fico otimista para essa edição pois acredito, como artista e como público, vivenciar finalmente a consolidação de nossa cena de bandas de rock, vendo grupos que foram promessas se consolidarem no cenário, como também o surgimento de novas bandas e surpresas, como ocorre em todos os anos.

Portanto, deixo aqui minhas breves impressões e expectativas sobre bandas que considero estarem se destacando em nossa cena local e podem fazer algum barulho em 2011:

JAMROCK

a garotada da Jam Rock poderia ter em seu currículo a palavra "pouco" citada diversas vezes, pois a pouca idade dos integrantes, o pouco tempo de estrada, as poucas oportunidades que tiveram de circulação, a pouca maturidade que ainda há em suas composições, a pouca presença de palco quando o assunto é performance poderiam causar danos ruins ao grupo, mas essas características, que não são nenhum pouco degradantes, contrastam com a sobra de carisma do grupo, refletido em seus shows sendo acompanhados por um público fiel que canta as musicas da banda a plenos pulmões, mesmo sem eles terem lançado sequer 1 ep na curta história porém promissora da banda. Quem não se lembra das prévias do Grito Rock de 2010 no Antique Pub?

Acredito que em 2011, o grupo tem potencial para se definir quanto a sua personalidade artística, para que rumo quer levar sua música, que mensagem quer passar através de suas letras, e que atrativos visuais a mais presenteará seu público em seus shows. Potencial a banda tem, basta canalizar a energia e desensolver suas qualidades apagando de vez a palavra "pouco" que ainda está presente em sua biografia.

ELVIS FROM HELL

Vamos aos fatos: ao ouvir e ver a Elvis From Hell a primeira coisa que se pensa é, sendo bem honesto "que porra de banda escrota é essa? que som sujo e mal entendido? que falta de ritmo..poderiam pelo menos afinar seus instrumentos", mas depois de alguns minutos, você passa a pensar assim ".. é, o vocal tem um timbre de voz bacana, as músicas, apesar de simples, são divertidas, dá pra sentir a energia e o esforço dos caras pra mandar o som deles", e então, quando você ouve a música "Jonny Manero" já comprou a idéia da banda e se rende a farra.

A razão é simples: Quando vejo a Elvis From Hell tocar, volto 11 anos no passado e me vejo no mesmo lugar, tocando sem saber o que é um fá sustenido, sem ter a guitarra afinada, mas tirando meu som, e pouco me lixando para quem está ou não curtindo a minha viagem, e é isso que a Elvis From Hell é, uma gangue de caras que estão buscando se afirmar, com uma energia muito bacana no palco, músicas simples tocadas com tesão mesmo, e humildade pra reconhecerem suas limitações e força de vontade pra superar seus limites. Tenho certeza que tempo ao tempo, a Elvis From Hell será uma daquelas bandas que terá seus hinos gravados na memória do Rock Roraimense, e Jonny Manero será a personificação do que é um rock honesto e descompromissado feito por caras que só querem se divertir.

SHEEP

Quando a Sheep surgiu há alguns anos, ví a esperança de uma banda de Roraima ser destaque Brasil a fora, tanto pelo carisma e voz icônica do Ramon Hiama, tanto pelas músicas bem construidas e com refrões ganchudos, como pelo cenário favorável que a banda se criou. Foi uma pena o grupo ter ido pra geladeira quando tinha as cartas na mão pra dar o próximo passo, mas o tempo é sábio em suas lições.

Hoje a Sheep já pode ser considerada uma veterana do rock roraimense. Seus integrantes entraram em sintonia novamente, e as músicas próprias, expostas a prova do tempo, duraram, como prova se vê nos shows o público das antigas e os atuais cantando.

em 2011 a Sheep tem mais uma oportunidade de tomar as rédeas do seu destino, dar o próximo passo, superar seus obstáculos internos, e provar não para alguém que além deles mesmo que não são apenas mais uma promessa mas uma realidade, com sua estrela brilhando, e o valor merecido por sua obra e biografia construida de altos e baixos, mas não menos interessante de se conhecer.

O ano está apenas começando, e não tenho dúvidas que muita história boa vem por aí pra se contar. Vamos aguardar o que vem pela frente e ver os frutos que estas sementes podem dar.

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