1 de abr. de 2020

RORAIMAROCKNROLL – 10 ANOS, O INÍCIO, O MEIO E O FIM


Por Victor Matheus – Blog Roraimarocknroll 

Dois mil e vinte. O mundo em caos. Mais do que nunca, o rock n’ roll torna-se um refúgio para as almas mais densas e voláteis, um alento em tempos de pandemia e histeria global, causada pela peste chinesa, fomentada pela grande mídia, globalistas, canalhas e progressistas de lacrosfera. 

Aqui retorno, depois de um celibato criativo, para limpar do peito algumas arestas existenciais, tentando recompor ideias, ou talvez, deixando apenas algumas memórias póstumas para o fim de mais um capítulo desse diário chamado Roraimarocknroll. 

O ano é dois mil e dez. O dia, sete de março. A história deste blog começou na cidade de Porto Alegre, onde estava com a banda Veludo Branco realizando uma turnê de lançamento do nosso primeiro disco. 

Éramos a primeira banda de Roraima a fazer um tour e lançar um disco no extremo sul do país, na minha terra natal. Resolvi criar o blog no formato de um diário, para contar a minha história no rock macuxi, e o que tinha vivido desde 2001 até ali. Foi assim que surgiu o Blog Roraimarocknroll. Um diário de bar de um roqueiro de Roraima, entusiasta do rock independente, aspirante a jornalista, e sonhador por natureza. 

O ano de dois mil e dez foi bem intenso na vida do Mr Gonzo. Turnês com a Veludo Branco, decisões pessoais com preço caro cobrado no futuro, e uma busca intensa pelos próprios limites. Com vinte e cinco anos de muito sexo, tretas, ultra violência e rock n’ roll, já tinha vivido e experimentado o suficiente para me encontrar neste mundo, mas não tinha ideia que a partir do primeiro passo dado com o Roraimarocknroll, tudo ao meu redor teria o Blog hora como norte, hora como coadjuvante, hora como o céu, hora como o inferno, e por fim, a redenção. 

No final de dois mil e dez veio a decisão que mudou por definitivo os rumos da minha vida. Já em dois mil e onze, iniciei uma cruzada em busca de justiça pelos anos que fui enganado e roubado por falsos amigos no meio cultural. Precisava expor para o mundo a verdade, ainda sufocada e sabotada, do que realmente acontecia nos bastidores não só do rock, mas da cultura roraimense. A história, todos que acompanham o blog sabem, não preciso citar mais detalhes aqui. 

Foram anos complicados para Mr Gonzo. Em dois mil e treze, com o Roraimarocknroll já em máxima evidência não só em Roraima, os primeiros resultados da missão Cavalo de Troia começaram a aparecer. As denúncias pipocaram pelas redes sociais. A verdade, sufocada e sabotada, enfim ganhara a luz, e os rumos do rock macuxi também. 

Já em dois mil e dezesseis, enfim a redenção. A justiça feita. A punição devidamente dada aos traidores, sabotadores e ladrões que roubaram não somente os cachês dos artistas locais, os editais com resultados duvidosos, eleições de conselho de cultura com fraude, mas também a punição para o que de pior e podre já existiu no rock e na cultura macuxi. Ali tinha dado por encerrado minha contribuição para a cultura roraimense, com a honra restabelecida, e a verdade enfim reconhecida. 

Resolvi me retirar do palco. Caminhar para outros lugares, novos sonhos, projetos, vida em família. Já estava cansado de me contaminar pela energia nociva que infelizmente permeia o rock de Roraima, eternamente afogado em egos, fofocas e falsidades. 

Em dois mil e dezessete um novo recomeço. Dia Mundial do Rock. Bar do Rock. Encontro de Motos. Jazz Festival. FolhaBV Play. Youtube. Prêmio Melhores do Ano Roraimarocknroll. Mais uma vez o Roraimarocknroll voltava aos holofotes, mas agora mais maduro e com menos fígado na ponta da língua. 

Os dois anos seguintes foram os mais leves dessa década. O Mr Gonzo indomável tinha dado lugar ao Victor Matheus, o empreendedor e pai de família. Os demônios pessoais tinham sido exorcizados, dando lugar para honra e o orgulho do que tinha feito até ali. Era um novo tempo, um novo ciclo na vida. 

O início deste ano trouxe junto o desejo latente de enfim dar um ponto final a este capitulo, mas claro, a altura do legado que o Roraimarocknroll merecia. Na pauta, o fim da coluna Roraimarocknroll e da FolhaBV Play. A edição final de um documentário contando a história do blog. A retomada do livro da biografia do rock macuxi. A última edição do Prêmio Melhores do Ano Roraimarocknroll, e por fim o festival Roraimarocknroll – 10 anos, para celebrar junto das bandas e todos que estiveram envolvidos direta e indiretamente com o Blog ao longo desta década e sua história. 

Queria me despedir do rock macuxi celebrando, da mesma forma que iniciei, encerrando sua história, e comemorando com todos que fizeram parte dela..., mas eis que a vida tem as suas surpresas, e tudo que tinha planejado para esse ano de celebração voltou para a gaveta. 

Início de março, tudo pronto para dar o pontapé as comemorações e eis que vem a peste chinesa e estraga tudo. Seria agora o fim do mundo? Talvez, mesmo acreditando que não. 

A realidade que temos por hora é esta: Completando dez anos de história, o Roraimarocknroll caminha para o seu fim de forma tímida, do mesmo jeito que começou. Ironia do destino? Não sei, mas por hoje, somente por hoje, eu queria estar mais uma vez neste diário, escrevendo sobre meu amor mais antigo, revisitando o passado, sem gosto de fel no peito, e somente, tão somente, refletindo sobre o início, o meio, e o fim disso tudo. 

A história continua, e estas linhas também, antes que o mundo acabe, ou se ele acabar também, e como sempre digo: Se ninguém faz, nós fazemos.

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