SENTA A PÚA - SOU BANGUER, NÃO POSER ALIENADO

“Escutei a banda, achei pancada pra caramba. A noite vai ser muito louca. Ou quase isso, se não fosse uma banda fora de esquadro tocar numa noite dedicada a riffs carregados. Mas o que importa mesmo são as bandas boas... As ruins naturalmente serão ignoradas. \M/ metal com "M" maiúsculo. Iekuana (FODA), Arroto do Sapo (FODA) e Old Funereal (FODA). PS: agora sim dei minha opinião.” - Layse Menezes - Jornalista

O comentário feito pela jornalista LAYSE MENEZES em relação ao show da banda amazonense HYPNOSE DEATH que acontecerá em Boa Vista juntamente com as bandas roraimense ARROTO DO SAPO, IEKUANA, VELUDO BRANCO e OLD FUNEREAL reflete claramente o comportamento alienado e poser que a maioria dos intitulados “headbanguers” de Boa Vista – RR têm em relação as bandas de metal tocar com bandas de outros estilos.

O infeliz comentário da jornalista LAYSE MENEZES, que deveria tomar conhecimento a fundo do evento e o seu propósito antes de emitir uma OPINIÃO RASA, CONTRADITÓRIA E CLARAMENTE PRECONCEITUOSA em rede social, merece ser analisado detalhadamente, para fins didáticos, reflexivos e para tentarmos compreender o por que de tanta contradição colocada juntos numa mesma frase emitida pela jornalista e auto intitulada headbanguer (ou metaleira para os brasileiros). 

“...Se não fosse uma banda fora de esquadro tocar numa noite dedicada a riffs carregados”. Opa! O que será que a jornalista quis dizer com esta expressão? Primeiro vamos ao dicionário da língua portuguesa para tomar conhecimento do significado da palavra “esquadro”: s.m. Instrumento usado por arquitetos, desenhistas, carpinteiros, serralheiros, e destinado a traçar ângulos retos. (Tem geralmente a forma de um L ou de um T, ou de triângulo retângulo; mas existem outros tipos.) Ficou claro para quem leu a opinião da jornalista, no trecho onde a palavra “esquadro” está inserido, que o trecho faz referência a banda VELUDO BRANCO (apesar de não citar o nome), o que me faz pensar que a Veludo Branco, de acordo com a opinião da jornalista, tem um som do tipo “serralheria, baseado em riffs (ângulos) retos, com vocais dinâmicos (variando em formas de L ou T) devido a sua formação no palco (de triângulo retângulo) mas existem outros tipos”, ou o sentido que ela quis dar a palavra foi outro?

Acontece que independente da banda VELUDO BRANCO estar “dentro ou fora do esquadro” como disse a jornalista, o evento não é específico de metal, e se fosse, por que outras bandas fodas, como elas mesmo citou, que também não são de metal estariam na programação? Ou a banda de punk rock ARROTO DO SAPO mudou de estilo e agora não faz mais punk rock de três notas e passou a incorporar no seu som riffs carregados e virou uma banda de metal e ninguém me avisou? Ou mesmo a banda IEKUANA, que faz uma mistura eclética de metal, hip hop e punk rock, estaria apta a tocar, por exemplo, num festival de metal como o METAL OPEN AIR ou WACKEN onde só tocam bandas de metal com “M” maiúsculo? Duvido muito, apesar que o som da Iekuana muito me agrada, e sem dúvida alguma tem peso, riffs carregados, mas não se enquadra, ou melhor, não fica “dentro do esquadro” do universo metal.

A jornalista também não deve se lembrar que a banda VELUDO BRANCO, apesar ter um som claramente calcado no blues rock (assim a própria banda se define), foi selecionada pela própria produção do cantor BLAZE BAYLEY (ex vocalista da banda IRON MAIDEN – uma das maiores bandas, senão a maior banda de HEAVY METAL DO MUNDO) para fazer o show de abertura do cantor em abril de 2010 na Chopperia Fellice, na cidade de Manaus - AM. Aí eu pergunto: Qual o problema em uma banda independente de Roraima, de estilo Blues Rock, ser escolhida pela produção do ex vocalista de uma das maiores bandas de metal do mundo, e que também em sua carreira solo, continua tocando metal, escolher para fazer o seu pré show? A lógica seria ser escolhida uma banda de metal, e de Manaus, certo? Na época até eu pensava assim, mas a escolha demonstrou claramente e de confronto a opinião da jornalista que metal e rock e a “pqp” podem coexistir e dividir o mesmo palco sem problema algum, senão o que seria do ROCK IN RIO, um festival de rock, que já teve em sua programação como headliner KATE PERRY e METALLICA? Repito novamente, QUAL O PROBLEMA DE BANDAS DE ESTILOS DIFERENTES QUE NÃO SEJA METAL TOCAR JUNTAS NO MESMO PALCO? Parece que bandas de metal, de acordo com o comentário da jornalista, não podem dividir o palco com “bandas fora do esquadro”.

Concordo e respeito a opinião de cada um, inclusive da jornalista LAYSE MENEZES, mesmo discordando do que ela disse, até porque olha o que foi resenhado sobre a VELUDO BRANCO, no show de abertura que fez para o BLAZE BAYLEY na Chopperia Fellice, e que foi publicado no site Whiplash (o maior portal especializado em rock e heavy metal do Brasil): “A banda encarregada do pré-show, Veludo Branco, de Roraima, fez o seu papel apresentando um Hard Rock seguro e bem tocado, executando músicas próprias e pequenos trechos do Led Zepellin e Black Sabbath— pena que o público não deu o merecido valor para o power trio.” (leia a resenha completa aqui). 

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A VELUDO BRANCO TEM "ESQUADRO" PRA TOCAR COM BANDAS DE METAL?

Eu pensava que a VELUDO BRANCO fazia blues rock, mas para o público manaura, a banda faz “um hard rock seguro e bem tocado”, ou seja, para cada pessoa, a música soa de forma diferente, e este é o melhor exemplo a ser dado ao leitor que metal é apenas mais um estilo, gênero dentro do rock, e não está obrigatoriamente fadado a estar numa bolha que não possa ser dividida com bandas de outros gêneros, e eu, como integrante da banda VELUDO BRANCO, me orgulho em ser até então, a única banda de Roraima a fazer um pré show de um cantor internacional do calibre do Blaze Bayley, ainda mais por ter sido escolhido pela própria produção do cantor. Quantas bandas locais tem o privilégio de ter um show desses no currículo? E olha que a VELUDO BRANCO nem é metal, imagina se tivéssemos o poder do deus metal para fazer riffs carregados?

Talvez faltou para a jornalista LAYSE MENEZES ter mais atenção e cuidado antes de emitir sua opinião sobre o evento, pois ao que parece, ela não sabe o real motivo da banda HYPNOSE DEATH vir a Boa Vista para tocar e pior, como jornalista, formadora de opinião, deveria apoiar, divulgar e prestigiar o evento, afinal sua profissão tem esse objetivo, e não desmerecer o evento ou bandas que dele faz parte.

O evento do qual as bandas irão participar tem como objetivo, além de estimular a integração de bandas do Amazonas e Roraima e fomentar a cena rock local, apoiar a banda OLD FUNEREAL que recentemente foi a Bolívia para tocar NO FESTIVAL RITUAL DEL MUERTE, somente com bandas de METAL, representando Roraima e o Brasil. (A Old Funereal foi a única banda brasileira selecionada para participar do festival).

A banda OLD FUNEREAL não dispunha na época, de recursos financeiros para fazer a viagem e participar do evento, então, a ASSOCIAÇÃO DE HEADBANGUERS DE BOA VISTA – RR, o BLOG RORAIMAROCKNROLL e as bandas OLD FUNEREAL, IEKUANA, ARROTO DO SAPO e VELUDO BRANCO uniram forças para realizar vários eventos em 2013 para arrecadar fundos e ajudar/apoiar a banda OLD FUNEREAL a quitar suas dívidas (a banda OLD FUNEREAL não conseguiu apoio e patrocínio para viajar e por isso fez um empréstimo para bancar os custos de sua viagem ao festival). Esse evento que acontecerá em maio, e o anterior (HOJE TEM METAL PORRA!) são realizados com este objetivo. É uma forma que foi encontrada para viabilizar a circulação da banda para tocar fora de Roraima e representar o nosso estado, num exemplo claro de espírito de união em prol do rock roraimense, independente de preferências por estilos musicais.

As bandas se uniram em prol do rock roraimense, e por isso dividem o mesmo palco. Qual o problema nisso? É esse tipo de atitude que deve haver na cena rock local, com bandas se apoiando e unindo forças, produtores de eventos unindo forças, pois só assim a cena rock roraimense, em especial o metal roraimense, será reconhecido e valorizado, e quem sabe um dia, as bandas locais não precisem cometer tantos “sacrifícios” para tocar fora de Roraima e representar o nosso Estado. Infelizmente muitos, repito, muitos roqueiros, “banguers”, “metaleiros” e “gods of metal” compartilham da mesma opinião e comportamento preconceituoso da jornalista LAYSE MENEZES, e talvez por isso também, haja tanta desunião na cena rock roraimense, principalmente o metal underground, que fica fadado ao ostracismo devido ao boicote e comentários como o da jornalista.

Não estou aqui para desmoralizar ou difamar a jornalista LAYSE MENEZES ou o seu comentário, mas para expor ao nosso leitor, um fato que merece ser debatido por todos que fazem parte da cena rock roraimense, pois se continuarmos a ter esse pensamento alienado de que metal é metal e não pode se misturar com ninguém, a nossa diminuta cena metal jamais conseguirá alcançar novos patamares de reconhecimento e prestígio. O SEPULTURA vem aí pra tocar no RORAIMA SESC FEST ROCK desse ano, e será que só bandas de metal poderão tocar no mesmo dia que ele?

Fecha a conta.