22 de mar. de 2013

RORAIMAROCKNROLL PELO MUNDO - ROCKABILLY FESTIVAL – LATIN STUDANTS UNION – CLAREMONT – CALIFORNIA – PARTE 1



Há muitos rockers de Boa Vista - Roraima, que de tempos em tempos viajam pelo mundo. O colaborador do Blog CESAR MATUZA é um dos rockers de Roraima que está se aventurando na terra do Tio Sam, passando uma breve temporada na Califórnia, e diretamente de lá compartilha com o leitor do blog Roraimarocknroll as histórias na vida na estrada no berço da contra cultura e celeiro de grandes estrelas do mundo da música, em especial do rock n'roll. O RORAIMAROCKNROLL PELO MUNDO está de volta pra contar a história do ROCKABILLY FESTIVAL, um evento gringo que tem muito a ensinar para os brasileiros como produzir bons festivais de rock.

Salve leitores assíduos do blog mais legal, mais visitado e mais polêmico de Rock do Norte do Brasil. Não sei se existe um mais polêmico, se souberem me mostrem porque eu quero conhecer (risos). 

Mês passado o RoraimaRocknRoll estreou sua seção “Pelo Mundo”, com a resenha do show histórico do The Who em Los Angeles, celebrando o aniversário do álbum “Quadrophenia”. (leia aqui a resenha) – link 

Hoje vamos falar de artistas e pessoas bem mais modestas e menos conhecidas, mas de grande influência na cultura americana, ou seria o contrário? A cultura Latina influenciando a americana? Bem, vamos descobrir juntos. 

Desde que cheguei à Califórnia, já percebi que Los Angeles e outras cidades ao redor são explicitamente assumidas cidades bilíngues. No aeroporto achei que era pelo fluxo de turistas, mas em todos os lugares que você vá, desde a estação de trem até nos shopping centers, todos têm placas, sinais e instruções em inglês e espanhol. (Vesting Rooms/Quarto de Vestir), (Exit/Salida)... E por aí vai. 

Instruções nos trens que fazem a linha pacífico 
(melhor que aula de línguas, você já vai aprendendo as duas ao mesmo tempo) 

Nem precisa ser tão observador ou ter a habilidade de observação de um antropólogo para perceber também que descendentes hispânicos e orientais são muitos e estão presentes em tudo por aqui, predominantemente nos empregos “menos valorizados” da sociedade, como atendentes de lojas, funcionários dos fast food, bilheterias de metrô, manutenções em geral. Mas, como veremos mais adiante, nem só de sub empregos vivem os “não americanos”, nesse caso específico, os latinos. 

Visto que o estado da Califórnia faz fronteira diretamente com o México, exatamente na fronteira com a cidade de Tijuana, apenas alguns quilômetros (ou milhas) de San Diego, era de se esperar a influência e a presença de estrangeiros, principalmente mexicanos por aqui. 

Aliás, percebem uma coisa? Los Angeles, Santa Mônica, San Diego, são cidades com nomes em espanhol. Então, aparentemente, a influência hispânica aqui está presente desde o início nessa região. 

Essa pequena introdução de história, sociologia, geografia, etc.. foi para ambientar o leitor ao evento que estaremos dando cobertura nesse post, o Rockabilly Festival, organizado pela LSU (Latin Studants Union) – não precisa traduzir né? Ok. 


Essa associação está presente em vários Colleges e Universities por aqui, assim como há também as dos asiáticos, estudantes africanos, etc. São associações, tipo centros acadêmicos, que dão apoio e suporte aos estudantes estrangeiros ou de famílias de origem estrangeira, além de promover encontros e debates, discussões políticas e sociais, promover eventos culturais para difundir a cultura, e demais necessidades que os mesmos possam encontrar. E eles são muito fortes dentro do campus, atuantes e unidos, a ponto de conseguir articular junto à administração da Universidade um festival tão organizado como o que presenciei no dia 9 de março.  (sonhando com um comitê de alunos atuantes e unidos como esses na UFRR)... enfim..



O EVENTO 

O festival acontece anualmente. Essa foi a 6ª edição, a apenas uma semana que eu cheguei a Califórnia (cheguei na hora certa) o corpo ainda adaptando com o frio e a gripe que quer pegar. Não é apenas um festival de música, ele inclui exposição de carros, comportamento, tradição, cultura, venda de artesanato, roupas, comidas típicas mexicanas, tudo relativo a cultura latina. O rockabilly, talvez o mais legítimo rock americano, mas no festival, apenas bandas formadas por latinos ou descendentes, com músicas em inglês ou espanhol, ou típicas músicas hispânicas, enfim, uma mistura interessantíssima. 

A exposição de carros HotRods, RatRods, Clássicos, Pickups, etc, cada um com uma categoria a ser premiado, e as barracas, de roupas, artes, etc. que o cidadão aqui que lhe escreve, deixou boa parte das verdinhas que tinha comigo, isso porque, me controlei. 

Explicando pela ordem: o HotRod, o RatRod e o Clássico

Os trailers e bancas de alimentação, tradicionalmente americans, e uma banca de Tacos (originais preparados pelos próprios entendedores) já me fizeram sentir fome antes do meio dia. 

"Me gusta los tacos, mas não ponha pimenta extra, já é suficientemente picante" 

Há uma coisa a ressaltar: Falem o que for dos americanos, mas não da educação e respeito, pois não se viu ninguém embriagado, nem sequer vendendo, nem sequer bebendo cerveja dentro do campus, pois é respeitada a regra de que em eventos no campus, não se comercializa nem se consome cerveja ou qualquer bebida alcóolica, e foi absolutamente respeitada essa recomendação. A entrada do campus é aberta, livre, havia barracas vendendo apenas refri, e mesmo assim, ninguém deu um ‘jeitinho’ pra beber. Ah se fosse outro evento com outro tipo de musica, no Brasil... Um dia ainda vão reconhecer que rock é muito mais educação e paz e outros ritmos (que não citarei) é baderna, falta de educação e baixaria. 

Adiante com esta resenha, providenciei um típico menu noturno American Style com uma Diet Pepsi e um Doritos tamanho Mamute obeso gigante, para entrar no clima para traçar essas palavras e tentar traduzir da melhor maneira o que vivi em um dos sábados mais legais da minha vida.. 


Acordei cedo no sábado, já na expectativa do festival, oficialmente anunciado para começar ao meio dia. O que muitos brasileiros mal acostumados diriam (até parece que vai começar meio dia...) como sempre, não duvidei, e as 9h da manhã sai da minha toca e desci para o Pitzer, pois vi na comunidade que os carros entrariam a partir das 10h, e eu queria estar lá pra ver. Não deu outra, na avenida já passa por mim uma pick-up Chevy dos anos 50, lilás, socada no chão, com um ronco perfeitamente perceptível de ser um saudável motor V8 das antigas. Estavam mesmo chegando... 

Entrei no Campus e já dou de cara com vários carros incríveis, espetaculares, impecavelmente construídos e conservados, daqueles que eu só via em revistas quando moleque, ou em filmes, e digo-lhes, a sensação de estar presente do lado dessas maquinas é muito surreal. (obvio que, isso pra mim, um aficcionado por carros desde criança que colecionava carrinhos, gostava de assistir Super Máquina, Ducks of Hazzard e CHiPs – seriados americanos que passavam na TV nos 80, e estudei engenharia mecânica, já tive dois opalas, um ômega, um dodge, dois XR3.. – Não sei se para pessoas normais seria a mesma sensação – risos) Mas era como estar dentro de um filme. 


Mais adiante dou de cara com um Chevy, um Buick e um Cadillac, pilotado por mulheres, depois identificadas por “Devil Damas”, um clube feminino, devidamente caracterizadas no melhor estilo PinUp... Muito classe. 

Mentira, essa foto é antiga, tirada nos anos 60. Será? Ou não? (risos) 

Se fosse apenas pelos carros que vi, já seria suficiente para meu sábado, mas ainda tinha mais, e mais carros, muitos ainda chegariam ao Festival. Tendas sendo montadas, palco sendo preparado, som testando, encontrei minha amada lá em sua residência dentro do campus... Nada precisava pra ser melhor. 

Na frente do palco, perfeitamente montado no terraço do restaurante do Campus, havia a placa com a programação das bandas. Não conhecia nenhuma, mas fiz questão de ver todas, 1 hora para cada, pela programação o festival terminaria exatamente ás 18hs, quando o sol se põe e o frio volta a congelar nosso nariz. Ótimo planejamento. 


Lá estava eu pensando em que eu iria almoçar, quando exatamente ao meio dia (12:00 – Noon) a banda Los Bandits manda o primeiro salve do dia (Holla, que passa Pitzer College?) .. hahá.. sim, a organização realmente organiza, não como vemos porai. Os shows começam exatamente na hora marcada. 

Continua...

Um comentário:

Anônimo disse...

muito louco a cobertura internacional, tá de parabens o blog