Por Victor Matheus - Blog Roraimarocknroll
Depois de uma quimioterapia intensa, o câncer da cena rock roraimense foi eliminado. Agora o rock do extremo norte do Brasil respira aliviado caminhando para novos horizontes.
A
cena rock roraimense está curada de um câncer que assombrou sua
história por algum tempo, atrasando um processo natural de
crescimento, amadurecimento e destaque do cenário rocker acima da
linha do Equador. Para quem não conhece a história mais recente do
rock de Roraima, pode estranhar o começo dessa reflexão, mas vamos
direto aos fatos : Antes da coletivização e catequização quase
militar de algumas bandas do nosso cenário, em especial as autorais,
o rock roraimense seguia a passos livres para caminhar para onde e
como quisesse, independente e harmonioso, com suas tribos atuando em
parcerias, independente de suas ideologias e seguimentos, sem
opressão, manobras ilícitas e desleais por parte de alguns
personagens, por medo de perderem sua “soberania” e “liderança”
no “controle” do cenário local, manipulação quase lobotômica
com discursos maquiados, mas que todos hoje sabem os reais motivos,
acabando com uma farsa que não convence mais ninguém, ou você
ainda acha que sua banda carregando caixa de som, vendendo cerveja em
festinha pra inglês ver, tocando de graça mesmo sabendo que o “dono
da festa” está embolsando uma ponta pelo serviço prestado, vai
fazê-la se tornar um sucesso e tocar nos principais festivais de
rock do país?
Não
havia a quantidade de espaços como há hoje para as bandas se
apresentarem, porém rock autoral e rock cover conviviam
pacificamente. O público venerava as bandas covers, respeitava as
bandas autorais e principalmente valorizavam, reconheciam e
prestigiavam ambos os estilos, numa convivência pacífica, e por
hora muito mais benéfica do que havia se tornado com a chegada do
câncer que exterminou muitas bandas com sua atitude vampírica e
manipuladora.
São
inúmeras as razões para comemorarmos, e também para lamentarmos
pelas manchas que esse câncer causou a biografia do rock roraimense.
Como não se perguntar por onde andam certas bandas que até pouco
tempo estavam em ascensão em nosso cenário, mas que hoje
simplesmente se apagaram da cena? Será que por se aliarem a
organizações de intenções duvidosas, acabaram sendo vampirizadas,
reprimidas, simplesmente manipuladas por interesses nada explícitos
ou talvez apenas perderam o tesão em continuar suas carreiras e
resolveram pendurar as chuteiras?
Parafraseando Cesar matuza: "Tem muita gente boa nessa barca furada, que poderiam estar com melhor prestigio na cena local, com mais espaços à disposição e com mais oportunidades, mas por fazerem parte da filosofia de grupo segregatório, acabam se isolando e minguando infelizmente."
E
o que falar de bandas que preferem caminhar de forma independente,
mas vez ou outra são sondadas para integrarem uma rede que promete o
céu, mas só tira delas o que precisa, e depois como uma fralda
geriátrica, as descartam sem a menor cerimônia? É triste, mas hoje
podemos listar várias bandas que se encaixam perfeitamente nesse
exemplo e sucumbiram no meio do caminho.
Temos
hoje , só na cidade de Boa Vista, pelo menos cinco picos de rock
ativos,a disposição para as bandas tocarem, sejam elas cover ou
autorais, entre eles o Chacrinhas Chopps, Bar do Rock, Antique Pub,
Arcabuz Bier e Casa do Neuber, mas o processo se tornou inverso.
Antes bandas pipocavam aos quilos, muitas delas de proveta, é
verdade, mas pipocavam e buscavam espaço para tocarem, só que não
havia lugares a não ser as festas de aniversário, as praças da
cidade, o espaço rock do Sesc e um festival aqui ou outro ali,
underground quase sempre. As reclamações, tanto dos grupos como do
público eram constantes quanto a essa situação. Quando rolava
evento de rock em Boa Vista, gente brotava de tudo quanto era canto,
e independente de ser um show cover ou autoral, os eventos eram
sempre lotados. Hoje há espaço de sobra, mas o ego de algumas
bandas cresceu tanto e a prepotência mais ainda que agora exigem
algo que não cabe nesse contexto. Em pratos limpos: Cospem no prato
que comeram, e pior ainda, só reclamam e não fazem nada para mudar
ou se adaptar ao novo cenário. Puro recalque.
Por
isso, somente alguns grupos mais antigos, formados anteriormente a
esse processo de coletivização resistem. Outros da nova geração,
nasceram com integrantes que já atuam desde sempre em nosso cenário,
e por isso não se deixaram enganar por discursos de vendedores de
bíblia e falsas promessas , auto masturbação e tapinhas nas
costas. Banda boa não precisa de fotinhas publicada num álbum
mixuruca de bloguezinho sem lastro que pouco agrega a sua carreira,
mas precisa sim de apoio, de espaço para tocar, de divulgação
eficiente, de gravar seu material e jogar na rede, e acima de tudo,
de humildade, profissionalismo e espírito de união com os demais
grupos e espaços que apoiem o movimento rock n'roll. Foi assim na
contra cultura, no movimento punk, no rock brasil dos anos 80 e ainda
continua sendo assim nos dias de hoje.
Felizmente,
este câncer maligno e podre foi totalmente exterminado. O processo
quimioterápico da limpeza dessa sujeira mesquinha que assolou nosso
cenário a partir de 2006 chega ao seu ápice, e hoje os frutos estão
sendo colhidos. Temos muito do que se orgulhar. Bandas não se
submetem mais as ordens de boicote dos generais que sonham controlar
um organismo vivo que é o rock roraimense e qualquer outra cena rock
do país, por meio de barganha e atitudes dissimuladas com argumentos
que mais parecem piadas de mau gosto.
Nós
celebramos esta nova fase, de independência do rock do extremo norte
do Brasil, onde podemos hoje prestigiar bons festivais de rock, shows
nacionais, mesmo aqueles que só dá 30 pagantes de público, bandas
autorais legais que ganham cada vez mais destaque na mídia e no
cenário independente, bandas covers cada vez mais profissionais e
com diferenciais umas entre as outras, várias opções de picos de
rock pra ir curtir esses grupos, e principalmente, sem precisar ser
omisso a qualquer organização que pinta o céu mas só tira desses
grupos o que precisa e depois os descarta.
O
câncer foi eliminado, chutamos a bunda da falsidade e hoje
comemoramos a independência do rock roraimense de qualquer povinho e
organização que possa querer manipular as peças desse jogo em
benefício próprio.
“Se
ninguém faz, fazemos”.
Fecha
a Conta.
2 comentários:
muito bom hein.
bom texto mateus, uma galera já comentou comigo que concorda com o que vc escreveu
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