O rock já rola há tempos no extremo norte brasileiro, como não? Haja visto os festivais que acontecem em Belém do Pará (do coletivo Megafônica e o já bem grandinho Se Rasgum), e o também já famoso QuebraMar, em Macapá, e que neste ano vai chegar à sua quarta edição, em setembro.
Pois Boa Vista, capital de Roraima, também vai mostrar seu lado rocker no próximo dia 11 de junho, quando vai acontecer por lá a primeira edição do Skinni Rock Festival. Organizado pela turma batalhadora da banda Veludo Branco, o evento vai abrir espaço para as bandas locais e algumas vindas de Manaus.
E além dos shows (que serão realizados no Sesc de Boa Vista), como de hábito haverá uma série de atividades paralelas, como palestras, vendas de produtos das bandas (camisetas, CDs) etc. fora que o Skinni levanta também a bandeira da sustentabilidade, algo importantíssimo em um momento em que o governo acaba de divulgar dados que mostram que o desmatamento aumentou consideravelmente no último mês, na Amazônia.
Zap’n’roll, que foi convidada pela organização do festival a cobrir o mesmo (e vai estar por lá no dia 11, pra acompanhar tudo de perto), bateu um papo com Victor Matheus, um dos responsáveis pela produção do Skinni. Abaixo, um resumo do bate-papo:
Zap’n’roll – Como é o rock no extremo norte brasileiro? Ele vai bem por aí? Pergunto porque sei que em Macapá, por exemplo, há uma cena muito bacana. E em Belém também.
Victor Matheus – O Norte é um caso à parte na cena independente do Brasil. As distâncias entre os pontos são grandes, e o deslocamento acontece quase sempre de avião ou de barco, e muito pouco de carro, dificultando a circulação. Pude circular em quase todos os estados do Norte participando de festivais e vejo uma crescente na cena rock nortista. Belém tem uma cena impressionante, Macapá ultra articulada, Manaus em fase de transição, Porto Velho buscando o ponto de equilíbrio e Boa Vista vem emergindo com uma nova proposta pra agregar de novo os personagens da cena… É um processo lento e evolutivo que vem caminhando muito bem.
Zap – Certo, muito bom. E onde o Skinni Festival se encaixa nessa nova proposta?
Matheus – O Skinni veio pra quebrar paradigmas surgidos com a vinda da coletividade para Boa Vista. Antes era cada um por si, depois com a entrada de coletivos na cena a parada meio que “elitizou” do ponto de vista das bandas. O que fiz como banda e agitador foi apenas propor uma nova forma de agitar a cena paralelamente a outras propostas vigentes, usando o Skinni como vitrine para essa proposta de trazer a cena de volta ao underground, porém articulada e auto-sustentável.
Zap – Você, como organizador do festival, não concorda com a forma como os coletivos musicais, espalhados hoje pelo Brasil, trabalham?
Matheus – Concordo em partes. Que ficamos nesses termos: Rock n’roll e política é igual água e óleo.
Zap – Ou seja: você acha que não se deve misturar política com a cena rock, é isso? Mas o rock, no mundo, não foi essencialmente político em muitos momentos de sua história?
Matheus – Cada um na sua ideologia. Depende de onde a cena está emergindo e quem faz parte dela. O que funciona bem aqui talvez não em outros lugares. Ninguém precisou lamber meu saco pra participar do Skinni saca? Participa quem tá a fim de fazer a parada acontecer e corre atrás junto. Não tem investimento público porque rock não dá voto, mas carnaval e festa junina rende muito mais. Sacou a diferença? Ambos andam juntos, mas sempre é nós contra o sistema e lutando para sermos tratados de igual pra igual. Aqui o lance funciona mais na prática, nem todo mundo quer ouvir discurso bonito. Nossa guerra é essa aqui no extremo norte.
Zap – Ok. E o que você pode falar do festival? Sobre as bandas que irão tocar, os estilos, e o que mais vai rolar além dos shows em si. As perspectivas em termos de repercussão do evento são boas? Você pretende e já pensa em fazer outras edições?
Matheus – A cena rock de Roraima passou por uma fase de estagnação, bandas acomodadas, eventos de organização regular, público disperso. O Skinni veio para propor uma nova forma de fazer rock no Extremo Norte do Brasil, colocando a sustentabilidade em prática, tirando ela só do discurso, valorizando toda a cadeia produtiva, promovendo campanhas sociais e principalmente valorizando as bandas locais. O formato do Festival é inédito em Roraima. São 30 dias de programação com pocket shows, intervenções promocionais, eventos especiais e o festival no dia 11 de junho. São num total 17 bandas de Roraima participando mais 3 bandas de Manaus, participação de jornalistas de outros estados (Finatti e Sandro Nine já confirmados) entre outros serviços como a produção de um video-documentário do evento e mais informações no blog
Zap – Muito bom mesmo, hehe. E além de organizar o festival, você também é músico, vocalista do grupo Veludo Branco, que tive o prazer de assistir parte de um show de vocês no festival QuebraMar, em Macapá, em 2010. Fale um pouco da banda, suas influências, como é o trabalho de vocês etc..
Matheus – Somos um power trio de rock n’roll clássico sem calças fluorescentes e gritinhos afeminados. Gostamos da estrada, de tocar, conhecer novos lugares, novas bandas, fazer amizades e tomar uma cerveja gelada. Carregamos na costa uma responsabilidade auto imposta de levar o nome de Roraima pros 4 cantos do Brasil, e agora subindo pra América Central, e também trazer conosco outras bandas de Roraima e quem tiver afim de ir conosco nessa estrada da música. Temos 1 disco lançado ano passado, estamos produzindo o segundo, já circulamos pelos principais festivais do Norte do País, fizemos turnê no Rio Grande do Sul, tocamos com o ex-Iron Maiden Blaze Bayley e continuamos correndo atrás de nosso espaço e reconhecimento no cenário musical seja na esfera que for. Gostamos de solos de guitarra, e bateria tratorizada, de baixo distorcido, e temos na essência do nosso som a inspiração em Hendrix, Cream, Zeppelin, Sabbath, a vida na estrada, os amores e dissabores da vida, o tesão de querer sempre dar o próximo passo e subir mais um degrau na história. Queremos estar na vanguarda do rock nroll roraimense sem deixar o underground, que é de onde viemos e sempre seremos parte, e mostrar pro resto do Brasil que no extremo norte do país tem muita banda de rock boa que merece a chance de circular e ser vista.
6 comentários:
É isso ai Matheus tamo chegando!!!
Massa a entrevista .. BLOG ZAPNROLL - www.zapnroll.com.br eh uma coisa muito louca mesmo, legal demais.. confere lá!!.. será uma honra receber o Finatti com seu estratosférivo curriculo como jornalista na cobertura do Skinni..
eh nóis..! esse fds do skinni vai ser caótico.. kkkkkk
Como vc fala meu amor!!
Ai ai ai ......lá vem o Mr. Finatti. Tomara que pelo menos o sr. tenha o compromisso de escrever sobre o que realmente veja, escute e perceba sobre o festival e Roraima.
Eu já vi esse filme....
ô Moitinha.. dá um voto de confiança ai pro cara pow.. não vamos ser pessimistas antes da hora.. hehehe..
Vamos torcer pra dar td certo, e que as bandas façam bons shows pras criticas serem positivas.. vai ser uma boa visibilidade ter um cara de fora cobrindo o fest..
Mandou bem mesmo (y... Nessa entrevista ele deixou bem claro o qnto q Boa Vista vem evoluindo no rock. Que #skinni seja um sucesso ;)
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