1 de abr. de 2011

BLUES ETÍLICOS: NOSTALGIA ETÍLICA EM BOA VISTA


Por Victor Matheus - Blog Roraimarocknroll

Muitos não sabem, mas quando eu tinha sete anos de idade, possuía um hábito pouco exemplar e honesto de roubar vinis. Sim, aqueles vinis grandes, pretos, usados em vitrolas, com seus ruídos imperfeitos, mas incrivelmente saborosos para o ouvido. Alguém se lembra?

Em um desses delitos, ou melhor, traquinagens infantis, tomei de posse um disco de capa escura e envelhecida, com a imagem de uma gaita, uma garrafa de bebida e um simples título no topo direito coma as palavras “BLUES ETÍLICOS”. O som de Safra 63 emulado das velhas caixas do meu toca discos eram como uma massagem na minha alma, e mesmo nada sabendo ainda sobre música, sentia naquelas melodias algo inexplicável que afagava minha mente e corpo. Mal sabia que após dezoito anos, presenciaria em Boa Vista, um show da banda que me abriu as portas ao blues, me indicou o caminho de BB King, Muddy Waters e Stevie Ray Vaughan, e me jogou num abismo de nostalgia e êxtase durante 2 horas na Universidade Federal de Roraima.


Otávio Rocha, O Repelente e Greg Wilson - Créditos: Victor Matheus 


ENTREVISTANDO A BANDA

Por volta das 18 horas cheguei ao HOTEL UIRAMUTÃ munido de câmera fotográfica, filmadora, pauta de perguntas e uma expectativa para ter a chance de entrevistar a banda. Em pouco mais de 20 minutos de espera GREG WILSON (voz, guitarra e trompete) e OTÁVIO ROCHA (guitarra slide) entraram no hall do hotel. Numa intervenção breve, me apresentei e propus uma entrevista rápida em vídeo, na qual fui de imediato atendido. Otávio Rocha tomou a vez de porta voz do grupo e contou suas expectativas sobre o show, um pouco da carreira do grupo e as impressões da cidade. Uma pausa para foto da dupla com o repelente amigo fiel para os visitantes de Boa Vista não acostumados ao clima local, e a entrevista estava encerrada. Fiquei muito admirado pela simplicidade e simpatia dos dois, pelo fato da bagagem artística que carregam e terem a disposição de atender um simples blogueiro desconhecido para uma entrevista. Um bom exemplo inspirador para quem realmente quer ser um artista a ser admirado.


O SHOW NO PARLATÓRIO DA UFRR

O ambiente universitário é o mais eclético, etílico e subversivo que se possam imaginar. Encontramos nos corredores dos blocos acadêmicos todos os perfis de pessoas, dos malucos incompreendidos, aos afetados emocionalmente, e aqueles que passam despercebidos.

Presenciei o público mais heterogêneo visto até então em um show de rock. Cerca de mil pessoas se aglomeraram em frente ao parlatório da UFRR para prestigiar o show. A banda PARICARANA, formada por acadêmicos da universidade cumpriu bem o papel de show abertura aquecendo o público com covers de sucessos nacionais e músicas regionais.

O BLUES ETÍLICOS subiu por volta das vinte horas e trinta minutos no palco, colocando o público literalmente dentro de uma máquina do tempo, mostrando porque é a maior banda de Blues do Brasil e uma instituição de respeito de músicos de alto nível técnico e carismático. São a prova que o tempo só faz bem para a carreira de qualquer banda, mostrando que 25 anos de estrada vários discos lançados refinaram o som do grupo e deram uma aura de magnetismo inexplicável para os cinco jovens senhores blueseiros no palco do parlatório da UFRR.

GREG WILSON – Voz, guitarra e trompete é o front man blueseiro clássico. Dispensa comentários. Icônico com seu boné para trás e óculos tipo aviador. PEDRO STRASSER – Bateria transpira jovialidade, provoca uma admiração espontânea pela paixão que bate na bateria e o prazer que emula em tocar sua música. CLÁUDIO BEDRAN é o melhor exemplo de baixista competente. Seguro, toca com uma suavidade, serenidade, queimando um cigarro no canto da boca, fazendo um contraponto muito forte com OTÁVIO ROCHA, o guitarrista slide brasileiro que sempre quis assistir ao vivo e número 1 entre os preferidos de quem gosta de blues Brasileiro e guitarra slide. Bangueando no melhor estilo Angus Young do começo ao fim do show, sem dúvida, mesmo se recuperando de uma dengue, OTÁVIO ROCHA é o mais rocker do quinteto. No meio de toda essa incrível parede sonora de ótima qualidade, ainda podemos extrair o destaque pra gaita ultra bem executada da referência nacional em gaita harmônica FLÁVIO GUIMARÃES. Solos inspiradíssimos empolgaram o público que correspondeu com gritos, aplausos e elogios aclamados ao virtuose gaitista.

O repertório abrangeu toda a carreira do quinteto, com destaque para a clássica CERVEJA cantada junto com o público, e um cover-homenagem a Raul Seixas – Canceriano sem Lar, a pedidos do público, além de um Blues-Baião que culminou numa Jam genial de solos fantásticos.

O BLUES ETÍLICOS deu uma aula de como se faz blues da melhor qualidade, provando que o tempo é o melhor amigo daqueles que sabem onde querem chegar e conquistar o reconhecimento merecido. 

Show histórico em Boa Vista que será lembrado por muitos anos por aqueles que admiram música de qualidade e bons espetáculos.

Fecha a conta.

Um comentário:

wesley tomaz disse...

cara gostei muito do blog espero podermos linkar nossos blogs blz.
to sempre acompanhando valeu.