Por Victor Matheus
Todos conhecem a história bíblica de Davi e Golias. Numa versão rock n'roll seria mais ou menos assim: O grandão, marrento ,feioso e do mal Golias papava tudo e tocava o terror na área do pequeno, simpático e pacífico Davi, até que um duelo entre os dois definiria quem seria o soberano da parada. A lógica dava certo que o troclodita Golias detonaria o “Little David” mas a astúcia do pequenino e sua perseverança em nunca desistir, mesmo com a impressão de tudo perdido antes mesmo de começar levaram-no a vitória no embate, provando que fé, força de vontade e coragem podem superar força bruta e opressão.
Na cena roqueira de Roraima há os Davis e os Golias, e há aqueles que apenas assistem os embates. Também há aqueles que de Davi passam a Golias e vice-versa. Há ainda aqueles que são Davi e Golias ao mesmo tempo, ou seja, depende de que lado estão da força ou em qual situação podemos utilizar esse contexto.
Quando me propus a fazer o Skinni Rock Festival, meu objetivo ficou bem claro: Agitar a cena rock roraimense, provocar uma reflexão nas bandas em seu modo de agir como artistas e dar interação entre público e bandas, dando um exemplo bem prático de como uma banda pode se produzir artisticamente usando ferramentas simples de divulgação, porém ultra eficientes e que trabalho duro dão bons frutos.
Também surgiram efeitos colaterais interessantes provocados por esse choque de realidade proposto da minha parte. Polêmicas em torno da legitimidade da votação, acusações de trapassas, ânimos exaltados, burburinhos e todo tipo de especulação que acontece quando há uma competição acontecendo. Sim! Não se engane nobre leitor. O SKINNI é uma competição, com propósito saudável de instigar os artistas locais a terem uma aula prática de como se autoproduzir, de serem músicos-pedreiros e não apenas artistas nos quais costumo dizer “com egos afetados e estrelismo”.
Com a credibilidade da votação colocada em prova, me vi numa sinuca de bico: Cancelar a votação e tomar a responsabilidade de escolher a programação e conseqüentemente receber elogios e críticas boas e ruins, pedradas e até ameaças de morte ou dar continuidade ao processo democrático e livre que me propus. Preferi continuar com a segunda opção, por isso fui investigar as possíveis falhas no sistema, os métodos apontados pelo público de se burlar uma enquete e ouvir a opinião dos reclamantes, os reclamados, dos críticos, jornalistas e público.
Me surpreendi com o resultado da minha investigação e constatei com espanto uma reviravolta surpreendente na cena rock de Roraima: Os lados do jogo estão explicitamente definidos. Num grupo estão as bandas chamadas de HC, ultra articuladas na sua divulgação, com público cativo e bom círculo de amizades. Do outro, as bandas mais subestimadas da cena, que já foram colocadas em descrédito mas vem mostrando amadurecimento e vontade de evoluir artisticamente. E ainda há um terceiro grupo, da “velha guarda” que passa ainda por essa transição de pensamento.
Agora analise o que dizem e opinam alguns personagens da nossa cena e seus observadores:
Fábio Gomes – Som do Norte (jornalista, crítico,produtor cultural, blogueiro), pontua os benefícios e prejuízos numa enquete virtual para o público escolher as bandas que deseja ver num determinado festival:
“Os benefícios estão no fato de que a enquete fica disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana, durante o tempo em que durar a votação. O nome das bandas fica em destaque, isso por si só já passa um prestígio a quem está ali.”
Fábio Gomes ainda analisa as possibilidades de “burlar” a votação e no que isso prejudica ou colabora para as bandas que buscam seu espaço e se imporem na cena:
“Tecnicamente falando, é muito difícil burlar uma votação . Seria preciso hackear o sistema, isso não é muito simples. Claro que muitas bandas tem fãs, ou membros da própria, que tem tempo para ficar votando muitas vezes ao dia, mas se isso for tecnicamente possível, não é nenhuma 'burla'. De fato há sistemas que só permitem um voto por IP ou e-mail. Eu não tenho feito mais enquetes online depois da Música do Ano (dezembro/2009), que inclusive foi vencida por uma banda de Roraima, a ALt F4. Eu sabia que tinha gente em Belém e em BV que ficava o dia inteiro votando nas mesmas pessoas, porque elas mesmas me falavam. Se o sistema torna isso tecnicamente possível, não tem muito o que fazer, não tem como 'burlar', e sim votar muitas vezes seguidas”.
Sandro Nine – Manifesto Rock Underground (jornalista, crítico, agitador cultural, blogueiro) opina sobre o debate e os argumentos das bandas em relação a votação do SKINNI:
“Pelo que li nos comentários, a galera se motivou pra essa enquete, bandas e etc. A preocupação maior é a veracidade dos votos. Geralmente essas enquetes são uma roubada, mas depende de quem está organizando. No caso do Blog Roraimarocknroll é uma iniciativa valida, até pra movimentar a cena e fomentar eventos da cadeia produtiva. Boa Vista tem uma cena muito organizada e talentosa. Estive nos gritos 2010 e 2011 e deu pra perceber a grande mudança”.
Sandro Nine ainda faz um a análise da proposta democrática de votação para escolha da programação do festival e outras opções sugeridas:
“Acho que todas as formas são válidas. Tendo uma curadoria fidedigna não há problema nenhum. Eu até entendo a dúvida por parte das bandas e fãs a respeito disso. Já vimos muita coisa ser feita e manipulada , daí vem as críticas e dúvidas. Eu mesmo votei na Rolling Bones, que vi no GR Boa Vista de 2010 e desde então sou fã dos caras e gostaria muito de vê-los no Festival Skinni. Achei sensacional a apresentação da banda”.
Já Jacy Neto, da banda Elvis From Hell,explica que ferramentas tem utilizado para promover a banda e conquistar votos. Veja:
“Bate papo da uol rapaz. Tem sala de todo tipo lá. Tem especificas de rock, mas não dá muitas pessoas. Entro em umas 6 salas ao mesmo tempo, começo a teclar e pedir votos e tento escrever correto, porque as pessoas gostam disso, e to mandando scrap pelo orkut, e meus amigos também, e assim por diante”.
Também investiguei as estratégias de outras bandas para conquistar votos. Neto, guitarrista da banda Ostin e AltF4, informou que utiliza o twitter como principal ferramenta para divulgar o trabalho da banda e pedir votos. Cristofer Floco, da Rolling Bones prefere utilizar a estratégia do “voto remunerado”, que consiste em pagar uma cerveja para a pessoa que votar na banda dele, além de utilizar mailing list por não ter saco pra twittar.
Há ainda os votos casados, nos quais duas bandas se unem e fazem campanha conjunta para o público votar no “seu grupo” para participar, o que explica os resultados semelhantes no número de votos de algumas bandas.
Analisando todas as opiniões, fica claro que mesmo havendo “possibilidade de fraude” na votação, cada banda e grupo de bandas, a sua maneira procura divulgar e conquistar votos. Está claro também a grande oscilação na votação, com bandas alternando as posições no ranking. Antes de apontar os erros e culpados e impor penalidades, preferi analisar a situação por todos os lados, e ficou bem compreendido da minha parte que pode até haver manipulação por parte das bandas em conseguir votos, mas não tira de forma alguma o mérito delas em correr atrás dos seus objetivos.
Pra fechar a conta, deixo a seguinte reflexão: Nessa história toda, quem é o Davi e quem é o Golias? O público têm nas mãos o poder de escolher o papel de cada um nesse jogo, e cabe somente a cada banda a decisão de escolher qual personagem ser nesse contexto.
Pensem, reflitam e pratiquem!
8 comentários:
Porra !!! "Voto Remunerado", sensacional Floco !!!, por isso sou fã dessa banda, YEAH !!!
Então muda a votação, pra não ser apenas um voto por pessoa e sim vários, assim os fãs se mobilizam!
Eu mesma passaria o dia inteiro votando na Jamrock!!
E ai Matheus!!to mandando uns links , caso tu quizer, saber mais a respeito da banda, ouvir um som do Arroto do Sapo e tals.
http://www.songkick.com/artists/3429606-arroto-do-sapo
http://www.fotolog.com.br/arrotodosapo
http://www.youtube.com/watch?v=WtWwsliXLeQ
Valeu meu velho!!!
Fraude seria se o organizador da enquete fizesse esse tipo de coisa, o que não é o caso. Se algumas bandas estão fazendo isso, as outras tem é que fazer também, afinal, todas tem a mesma chance de estar lá.
ei tem mais um : o principal!!!
http://www.purevolume.com/arrotodosapo
Valeu pelo espaço( ei coloca esse no link principal, tem música , é melhor,né)
Vou colocar uma opinião aqui mesmo sabendo que vão me criticar.
Já organizei alguns eventos e participei de outros e os melhores entre eles sempre foram os que primaram pela qualidade das bandas participantes, o quanto ela se esforça para aparecer na mídia e seu engajamento na cena (não gosto dessa palavra, mas...)
Pois bem, apesar de algumas críticas ao esquemão do Fora do Eixo a realização de prévias para escolher bandas locais é um modo justo, afinal o público (sem muita influência de "voto remunerado (gênial)" ou campanhas em salas de bate papo (menos genial mas beeem mais barato) é que vai mostrar mais ou menos interesse por uma ou outra banda.
Sem contar que esses pequenos eventos servem pra atrair o público e de repente fazer um caixa pra organização.
Quanto as atrações de fora da cidade, um fator importantíssimo é a capacidade da banda de viajar por conta própria ou usando o mínimo de recursos da organização, e nesse ponto quanto mais próximaa cidade do festival mais fácil.
Estou bem interessado em ir pra esse festival com a Esboço de Nada e estou começando a captar os recursos pras passagens, mas com certeza as opções de Manaus são muito boas e os caras tem muito menos despesas pra tocar aí em BV, qualquer que seja o resultado dessa votação o que mais gostei até agora é ver que o povo das bandas e o público de Macuxiland anda interessado em bandas e festivais.
Abraço pra todos e boa sorte para o Matheus... Ele vai precisar!
Aos que não concordam, façam como o Wander. Comentem, discutam, discordem, sugiram. É direito de cada um aqui e opinião só se cria com debate. Já aos que preferem fazer bico, não derrubem a maquiagem por aí, que é feio fazer mimimi. Abs.
Nine, meu camarada, valeu a força! Temos novidades e você sempre será lembrado! Saudações esqueléticas!
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