Por Victor Matheus - Blog Roraimarocknroll
Os festivais de música representam o apogeu de uma cena musical. Por meio dos festivais, o publico conhece novas bandas e artistas, movimenta a cadeia produtiva da cultura e unifica a cena em torno de uma celebração que tem como protagonista a música.
Organizar eventos independentes de rock, especialmente em Roraima, é um desafio quase impossível. Uma cena permeada por ideologias políticas marxistas repelem investidores, espanta o público e pior, ao invés de atingir seu principal objetivo que é promover a cena e unir bandas, gera, quase sempre, rancor de uma parcela de grupelhos culturais e bandas cheias de ego e pouca ética que torcem mais pelo fracasso de outros eventos do que apoiá-los e prestigiá-los, como deve sempre ser em uma cena saudável e madura.
É por atitudes assim que determinados festivais realizados em Roraima se transformaram em verdadeiros comícios políticos ridículos e desnecessários, utilizando dinheiro do pagador de impostos, segregando bandas, principalmente da cena metal, e tornando-se irrelevantes por serem nada além de propaganda ideológica partidária da esquerda. É o pior do lixo que podemos ter em uma cena ainda em evolução e com potencial de colocar a cultura do rock do extremo norte em evidência para todo o mundo.
Felizmente, esta realidade vem modificando gradualmente, sobretudo em 2017, um ano verdadeiramente contrarrevolucionário na cena do rock macuxi, e o seu apogeu aconteceu no último dia 15 de dezembro de 2017, na Praça do Mirandinha, com o Um Festival, indo na contramão de tudo que citei acima, reunindo bandas, artistas, mensagens de amor, respeito e empatia, ao ar livre, entrada franca, em um dos cartões postais da cidade de Boa Vista.
O Um Festival reuniu na Praça do Mirandinha fãs de rock, famílias, e olhares curiosos. Com uma estrutura de palco simples e de bom gosto, o festival envolveu o publico em uma atmosfera 'road movie', sem aquela energia carregada junkie que vemos em muitos festivais com jovens "dinâmicos" e "lacradores".
O público heterogêneo, indo de roqueiros indie a crianças, de idosos a skatistas, fez a sua parte com primor, aplaudindo os artistas e mergulhando na atmosfera quase etéreal que o Mirandinha sempre proporciona nesta época do ano, prestigiando os shows do músico Vinícius Tocantins, e das bandas The Joy, De Um e Antigo Sofá.
Créditos: Denizarts
Vinícius Tocantins abriu a programação do Um Festival
Por volta das 19:30h, o músico Vinícius Tocantins subiu ao palco para abrir a noite. Munido de apenas um microfone e guitarra, Tocantins apresentou um repertório eclético, com releituras de clássicos do movimento cultural Roraimeira, músicas autorais da sua carreira solo, e uma homenagem ao eterno Cazuza. Entre as músicas, Vinícius, de maneira descontraída, aproveitou para conversar com o publico e divulgou em primeira mão o lançamento do clipe 'Aonde Aponta o Mar' (saiba mais aqui). O show de Tocantins ainda contou com a participação especial de Isabela Quintelas, filha dos poetas Rodrigo Mebs e Adília Quintelas, cantando a música 'Cruviana', de Neuber Uchôa. Um show intimista, na medida e muito agradável abrindo o festival.
Créditos: Denizarts
The Joy - pós punk com sintetizadores no Um Festival
A segunda banda a subir no palco do Um Festival foi a The Joy. Depois de um breve hiato, o power duo liderado pelo multi-instrumentista Rafael Balieiro destilou seu pós punk autoral cheio de sintetizadores, programações e efeitos de guitarra. O som da banda remete muito ao rock britânico oitentista. As letras autorais em inglês e português, agradam ao ouvinte de imediato, e a banda, a única desse gênero com bagagem na cena, tem tudo para ser um dos grandes destaques do rock local em 2018. Torcemos para que o seu retorno seja definitivo.
Créditos: Denizarts
De Um - Expoentes do folk rock de Roraima
Os anfitriões e idealizadores do Um Festival, a banda De Um, foi o terceiro grupo a se apresentar. Visivelmente felizes e com o público cativo, a De Um mostrou porque foi eleita pelo público do Blog a banda revelação do rock roraimense em 2016. Seu folk rock cristão simples e tocado verdadeiramente com coração, arrebatou gritos e aplausos de um público que curtiu o show colado no palco, mostrando que o rótulo que dão a bandas cristãs de 'rock gospel' nada é mais do que um preconceito bobo e infantil com estas bandas, que muito contribuem e enriquecem a cena do rock local. Um dos destaques do show foi a participação especial da musicista Laura Ladislau tocando violino. A De Um fez um daqueles shows que marcará por muito tempo a memória do rock de Roraima, e mostrou que há rock de boa qualidade no extremo norte do Brasil, digno de ganhar o mundo e ser aplaudido de pé.
Créditos: Denizarts
Antigo Sofá - Rock alternativo vigoroso pronto para as grandes arenas
Fechando a programação do festival, foi a vez da banda Antigo Sofá destilar seu rock alternativo vigoroso e competente. A banda é uma das mais ativas e produtivas da cena local na atualidade, lançando vários clipes ao longo do ano e já produzindo seu primeiro disco oficial. O grupo já tem na bagagem um EP e a presença nos principais festivais do rock de Roraima em 2017. O repertório da Antigo Sofá apresentou músicas do EP Passo no Espaço e inéditas, bem recebidas pelo público. A Antigo Sofá vem gradualmente amadurecendo e tem potencial para muito em breve ser um dos grandes nomes do rock de Roraima. Aguardamos com expectativa o primeiro disco da banda e que em 2018 o grupo continue produzindo muito material, e sobretudo mantendo o lastro com seu rock alternativo honesto e bem tocado por jovens que sabem aonde querem chegar.
Créditos: Denizarts
Victor Matheus, editor do Blog Roraimarocknroll apresentou o Um Festival
Um dos maiores prazeres deste blogger que aqui escreve é prestigiar e resenhar shows e festivais de rock. É uma verdadeira viagem transcendental pessoal embarcar no show de bandas locais nas quais divulgamos no blog, ouvimos nos discos, e conhecemos os integrantes. Este é um dos trabalhos mais prazerosos que tenho na vida. Mais feliz e honrado ainda, fiquei com o convite da produção do festival para fazer o cerimonial, apresentando os grupos no intervalo dos shows. Da nossa parte, só gratidão pelo convite da organização.
O Um Festival encerrou o calendário de festivais do rock roraimense em 2017 com chave de ouro, mostrando para quem ainda desacredita no potencial do rock como movimento cultural e empreendedor, que é possível organizar bons eventos por aqui, desprendidos de ideologias e politicagem. Um Festival é a prova definitiva, e o resto, como dizem, é apenas "mimimi".
Desejamos vida longa ao Um Festival, o futuro do rock roraimense, e que em 2018 mais eventos como este sejam realizados por aqui, afinal, sem o rock em nossas vidas, o mundo fica mais chato e blasé.
Fecha a conta.
Saiba mais sobre o Um Festival
www.facebook.com/SigaUmFestival
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