A Sessão PAPO RETO do Blog Roraimarocknroll trocou uma idéia com o poeta RODRIGO MEBS, vocalista da banda DITAMBAH, que compartilha com o público suas impressões sobre a cena rock roraimense, as recentes novidades da banda Ditambah e otras cositas más como a parceria com poeta maranhense Ferreira Gullar... Confira como foi o papo:
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A DITAMBAH surgiu em meados de 2012,
mas só vindo a estrear nos palcos no início de 2013 com uma ascensão meteórica
na cena rock local, sendo considerada hoje a grande revelação do rock macuxi
deste ano... O que ainda podemo esperar dos tambaquis para a reta final de
2013?
Rodrigo Mebs
Pô, Brother! 2013 foi DuK7! Tocamos nos principais eventos, gravamos três
singles, integramos duas coletâneas, conquistamos bastante espaço na cena.
Temos duas (ou três, dependemos de confirmação) grandes apresentações pra
fechar o ano em estado de graça!
Tocaremos nesta sexta (dia 15) no 7º Encontro de Motocicletas, (Vamos ver a
PLEBE, Brow!) e logo em seguida, no sábado (dia 16), a tambaquizada sobe a
serra de Pacaraima pra tocar no Yamix, que na minha opinião, é o maior evento
de artes de Roraima. O nosso cardume pode esperar um repertório com novidades, estaremos executando
músicas inéditas, incluindo a nossa
parceira com o poeta Ferreira Gullar e uma versão de um som do Arnaldo Antunes.
Recentemente foi divulgado uma parceira entre a Ditambah e o
poeta Ferreira Gullar. Como nasceu a idéia? E qual a importância dessa união
entre poesia e musica pro rock?
Rodrigo Mebs
O Tambaqui Original (Jorge Holanda) chegou lá em casa com uma linha de baixo
pra que trabalhássemos um novo som. Eu havia acabado de ler, naquela mesma
semana, o livro “Muitas Vozes” e o próprio título já me inspirava a buscar uma
destas vozes pra eu cantar. Veioinstintivamente o poema “Definição da Moça”
vestir os graves do baixo e a música já estava quase pronta, mas faltava uma
pitadinha de pimenta, foi quando eu incluí alguns versos de minha autoria.
Trabalhamos o som com o Matuza (Cesar Augusto) e com o Serrotão (Alexandre
Horta), e foi uma festa! Foi muito natural. Entramos em contato com a editora do livro, onde pesquei o poema, e a mesma nos
colocou em contato com Gullar, que muito gentilmente assinou a autorização pra
musicarmos e gravarmos seu poema. Desde o início compactuamos com a proposta de fazer Rock com letras de
qualidade, unindo mesmo a literatura, a poesia, no nosso trabalho, acredito que
a importância disto, é levar ao público através da música, textos mais
complexos, mas que ao mesmo tempo estimulam o pensar, acho que as pessoas podem
ter um encontro com a poesia, de um jeito mais divertido, e às vezes nem se dar
conta de que está na verdade, aprendendo algo novo. Acho isso primordial no
trabalho da Ditambah.
Após o Roraima Sesc Fest Rock, percebemos o surgimento de um grande ostracismo da
cena rock autoral em BV e que está se reaquecendo com os dois últimos grandes
eventos do ano com a temática rock, o Encontro de Motos de Altas Cilindradas e
o Yamix. Como você vê esse comodismo do rock autoral em BV e a crescente
exposição do rock cover?
Rodrigo Mebs
Velho! Eu acho que na verdade o Rock de Roraima está amadurecendo... Tenho
conhecimento de que há sim jovens bandas autorais trabalhando nas garagens da
cidade, compondo, criando e que em breve estarão na ativa. E até mesmo bandas
consagradas, como a Veludo Branco, por exemplo, estão nesse processo de busca
pelo novo. Penso que vai haver depois destes últimos grandes eventos de rock,
ainda mais gente interessada em empunhar uma guitarra e gritar o que não cabe
mais no peito. Este ostracismo que você citou, eu encaro como um momento de
entressafra. Estou muito otimista com a cena rock de BV. Se estão se
sobressaindo bandas que tocam cover é apenas pela falta de espaços dedicados ao
autoral. Mas vem aí uma galera que vai arrombar estas portas. Não se
surpreendase o próximo boom do rock nacional tiver sotaque macuxi.
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Existe em Roraima hoje um rock genuinamente local ou
ainda há o velho control C + control V do rock estilo fm e top list
transamérica?
Rodrigo Mebs
Como disse antes, acho que estamos todos nós, amadurecendo, trabalhando pra
isso, mesmo que inconscientemente, buscando esta estética, esta pegada só
nossa, e isto vai acontecer naturalmente. Vejo como exemplo maior, o
regionalismo intergaláctico que Ben Charles imprime em seu trabalho,
principalmente nas letras. Acho que se a molecada olhar para arte que já foi
feita aqui, tipo, parar defronte da escultura do Canará, escutar os discos da
Roraimeira, ler os autores locais, ou simplesmente viver de verdade esse lugar,
vai acabar sentindo uma unidade, vai sacar que faz parte de uma tribo e dar
valor ao que realmente nos une. E aí bicho, a coisa toda vai fluir como o Rio
Branco abrindo caminho entre as pedras do Bem-Querer e não vai haver
hidrelétrica capaz de conter essa vazante.
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Vivemos um momento interessante na cultura brasileira,
com o desmanche da ong Fora do Eixo, protestos no Brasil e novas frentes
inovadoras na luta pela justiça e igualdade de fato e respeito ao cidadão. Onde podemos
conectar o som da Ditambah com o atual momento que vive o nosso país?
Rodrigo Mebs
Cara! O Fora do Eixo, passou e está passando por uma revolução de fora pra
dentro, de baixo pra cima e isso é muito positivo, visto que tem muita gente
bacana trabalhando e acreditando no sonho de fazer a arte acontecer neste país.
O que aconteceu serve pra instigar mudanças que a meu ver serão benéficas para
toda classe artística. Estou pagando pra ver!
Sei que tem muita gente engajada que não vai parar de lutar pelo que
acredita. A Ditambah vai continuar passando o recado nas letras como em Beiral,
vai fazer elegias ao que considera belo, mas vai descer o pau no que entende
como errado. Estamos dispostos a participar de ações de incentivo a cultura e a
cidadania, estamos abertos pra projetos neste sentido, como banda e também
individualmente com cidadãos. Quando seguro o microfone na frente de qualquer
público, minha voz toma uma dimensão maior, e não falo de decibéis, falo da
responsabilidade que tenho diante de tantos jovens. Tenho consciência que além
de levar diversão, a Ditambah tem que dar o recado. Tanto estamos dispostos a
falar do que nos incomoda, sem ligar pra polêmica que isso pode causar(e talvez
até esperando que essa polêmica venha abrir debates sobre o assunto), que uma
das bandeiras que hasteamos nos palcos é contra a o fanatismo religioso que
leva tanta gente humilde a viver de maneira medíocre, conformada a não ter
sonhos nem opiniões próprias.
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Pra fechar a conta...
Rodrigo Mebs
Em nome de toda a Ditambah, agradeço o espaço e o trabalho
que o Roraimarocknroll tem nos ofertado no sentido de divulgar nosso trabalho. Prometemos
subir nos próximos palcos com amor e convicção de que a nossa música pode ser
mais um tijolinho neste edifício que costumo chamar de Brasil, lembrando que
Roraima é o terraço kkk Abração a todo o cardume e que o grande Tambah possa
nutrir nossas vidas com muita arte e Rock’n’roll !!! <°))))<
Fecha a conta.
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