O DIÁRIO DE BAR da banda VELUDO BRANCO compartilha com seu público a experiência de fazer mais um grande show em Pacaraima - RR, mostrando que o rock n'roll etílico do power trio roraimense não pára na pista, entra em combustão com o público hermano da tríplice fronteira, e arrebata novos fãs latino americanos.
Por Victor Matheus
Há
12 anos atrás tudo que eu queria da vida era tocar guitarra, apenas tocar guitarra (igual o Slash) e pegar umas
garotas. Certo tempo depois, não contente, queria mais, tocar guitarra, compor
canções, fazer shows e pegar mais garotas (risos). Doze anos, um casamento, uma
filha, muitos shows e algumas bandas depois, hoje celebro com a VELUDO BRANCO,
6 anos de muitas histórias, shows, e
sonhos realizados desde que aprendi que para se fazer rock n'roll precisamos
apenas de 3 acordes, 2 versos, determinação, atitude, persistência e muito,
muito trabalho.
Durante
2 dias (4 e 5 de janeiro) a cidade de Pacaraima – A Woodstock Roraimense –
recebeu o II FRONTEIRA CULTURAL, evento promovido pelo SESC RORAIMA, que tem
como maior objetivo fomentar as artes integradas da tríplice fronteira (Brasil
– Guyana – Venezuela). A programação extensa, reuniu no mesmo palco artistas de
vários estilos dos 3 países, com destaque do Brasil para o som roraimeira de
NEUBER UCHOA, o reggae positivo e sincero da banda GUY BRAS, o blues rock da
VELUDO BRANCO e é claro, a grande atração do evento, os maranhenses da TRIBO DE
JAH.
O mestre roraimera Neuber Uchôa no II Fronteira Cultural - Foto: Gilvan Costa
A
estrutura do evento promovido pelo SESC RORAIMA foi indiscutivelmente eficiente
e proporcional as expectativas, tanto dos artistas, como do público. A cada
evento realizado, a Gerência de Cultura do SESC RR evolui em termos de
profissionalismo e competência. Um belo exemplo de trabalho em equipe que vem
colhendo muitos frutos e mantendo a marca SESC RR como maior fomentadora
pública da Cultura Roraimense, por mérito, história e competência.
A
escolha do “palco do micaraima” para a realização do Festival trouxe novamente
uma atmosfera open air,
proporcionando ao público uma experiência visual (palco bem estruturado com
telão de led, movies e o trabalho excelente da equipe de som e luz do GILSOM);
experiência física e sensorial (localização com espaço amplo, que a noite, com
a temperatura ambiente lá embaixo, aproximou o público que se aqueceu em meio a
abraços e doses etílicas previamente adquiridas na cidade vizinha de Santa
Elena) e espiritual (estar sob o céu estrelado de Pacaraima, ao som do reggae
roots da Tribo de Jah, eleva qualquer espírito a planos superiores).
Estrutura do Sesc RR no II Fronteira Cultural - Foto: Gilvan Costa
O
espaço ainda contou com uma mega estrutura de praça de alimentação, stand de
artesanatos dos países participantes, banheiros químicos, dando conforto
suficiente para o público curtir todos os shows e matar aquela “larica” nos
intervalos.
No
último dia de evento, estivemos presentes para prestigiar e tocar, e
vivenciamos uma noite inesquecível. O atraso (infelizmente já habitual em
praticamente todos os eventos de Roraima) não prejudicou a programação. O
público chegou aos poucos, e por volta das 21 horas a arena do FRONTEIRA
CULTURAL estava lotada, tanto de brasileiros, como de venezuelanos, hippies,
turistas, espíritos indígenas, barracas de acampamento e artistas
multiculturais.
O SHOW
Veludo Branco no II Fronteira Cultural - foto: Gilvan Costa
O
show da VELUDO BRANCO foi inesquecível! Sentimos-nos em casa, e ver de cima do
palco aquele mar de gente congelou literalmente nossos nervos, mas após a
primeira canção e os aplausos da multidão, embarcamos na nave etílica abaixo do
lindo céu estrelado do extremo norte do Brasil e sentamos a púa!
Abrimos
o show com VELUDO BRANCO ROCK N'ROLL, que na opinião do jornalista Fábio Gomes
é a canção que define o estilo da banda; Seguimos com BANG THE BONG, uma canção
nossa em inglês, com letra minha e de Cesar Matuza, composta especialmente para
os brothers da Guyana. Muitos acham que esta canção é um cover, talvez pela
letra em inglês, mas não se enganem, é Veludo Branco tipo exportação (risos).
Paulo Veludo não parou na pista do II Fronteira Cultural - foto: Gilvan Costa
Na
sequência, destilamos NÃO PARE NA PISTA, em homenagem a nossa maior influência
– Raul Seixas -. Somos raulseixísticos assumidos e não poderíamos deixar de
fora de nosso show o som do maior rocker
do Brasil. Pausa rápida para agradecimentos, seguimos a viagem com o blues ELA
SÓ QUER ME FAZER DELIRAR. Temos o hábito de brincar com nossas influências, e sempre
que podemos, inserir medleys de temas diversos, como da Pantera Cor de Rosa na
introdução dessa canção. Mais uma marca do nosso estilo com selo
Veludo Branco de qualidade (risos).
Aprendi
com o tempo, que a comunicação do vocalista com o público é essencial para
“trazermos pro palco” a energia da platéia. Eu, como um bom trovador e amante
da palavra, não dispenso um belo discurso inflamado para instigar o público, e
foi com essa frase “Há três coisas que amamos aqui (Pacaraima): Esse
clima frio, a cerveja barata, e a cerveja barata e o wisky (risos), e pra todos que amam se
embriagar até cair na sargeta e lamber os cachorros que dedicamos esta
canção...”. A resposta do público foi imediata, e sem perder tempo,
mandamos o som MALDITA RESSACA.
Cesar Matuza mantendo o lastro baterístico vintage - Foto: Gilvan Costa
A
próxima dose de Veludo Branco veio também com outro discurso “Quando
estamos no ensino médio não comemos ninguém porque somos feios e cheios de
espinhas, mas quando se monta uma banda de rock, ficamos bonitos... Por isso,
dedico essa canção a todas as menininhas que não comemos nos tempos de
escolas...Essa é conhecida como SEM MENTIRAS... 1, 2, 1, 2, 3, 4!”. A
música SEM MENTIRAS, faixa título do nosso terceiro trabalho (O EP Sem
Mentiras) foi degustada com direito a performance surpreendente do nosso
baixista PAULO VELUDO.
Seguimos
o show com a faixa inédita NÃO FAZ ASSIM, do nosso mais recente trabalho, o
disco ANTES QUE O MUNDO ACABE... VELUDO BRANCO AO VIVO. No gargalo, dedicamos a
canção seguinte a “todos os hermanos da Venezuela”. Interpretamos
YO SOY ALCOÓLICO, versão em espanhol da canção EU SOU ALCOÓLATRA, do nosso
primeiro disco. O público hermano foi a loucura de tal maneira que após o show
invadiu o backstage querendo nossos discos com esta canção.
Mr Gonzo rock n'roll - Foto: Gilvan Costa
Na
reta final do show, fizemos uma homenagem a música do Maranhão, dizendo “que
temos muito orgulho de fazer rock n'roll com letras em português, e também
homenagear os artistas do Brasil e cantar rock's em português...” e
assim Cesar Matuza chamou na bateria o baião para tocarmos HEAVY METAL DO
SENHOR, do cantor maranhense ZECA BALEIRO. Nem preciso dizer o efeito colateral
no público... Um tiro certeiro, com efeitos morais permanentes na concorrência
(risos).
Fechamos
o show com OPALA BRANCO, e descemos do palco com a certeza absoluta que aquela
noite, como tantas outras que já tivemos o prazer de vivenciar juntos, também
entraria para a história. O carinho do público após o show foi o maior feedback
que tivemos, reafirmando mais uma vez que as escolhas que fizemos para a nossa
carreira foram fundamentais para nos levarmos a este momento inesquecível.
Banda GuyBras no II Fronteira Cultural - Foto: Gilvan Costa
Missão
cumprida, seguimos a noite apreciando o show fantástico da banda GUY BRAS, que
entregou para o público outro momento memorável do Fronteira Cultural, com uma
performance arrebatadora de MIKE GUY BRAS, confirmando mais uma vez que Ele é o
maior embaixador da música reggae do extremo norte do Brasil.
Tribo de Jah no II Fronteira Cultural - Foto: Gilvan Costa
Já
começava as primeiras horas de domingo quando o reggae roots da TRIBO DE JAH
soou nas caixa de som, e abaixo do céu estrelado de Pacaraima, nos transportou
a outros níveis de consciência, mas essa história eu conto noutra mesa de
bar...
AGRADECIMENTOS
Agradecemos
imensamente ao SESC RORAIMA, em especial ao KILDO ALBUQUERQUE, pelo convite
para participarmos do II FRONTEIRA CULTURAL. Temos muito orgulho de poder fazer
parte de mais esse capítulo da história não só do rock, mas da música e da
cultura do estado de Roraima, num dos eventos mais importantes e relevantes do
seguimento do extremo norte do Brasil.
Parabéns
ao SESC RORAIMA, em especial a toda equipe de Gerência de Cultura (Carol,
Felipo, Rafael, Ana e demais colaboradores) pelo empenho em produzir mais um
excelente evento cultural com a marca SESC RR de qualidade. Nosso agradecimento
também ao estimado cinegrafista WALDIR, por registrar mais esse momento importante
da história da VELUDO BRANCO, e a toda equipe do GILSOM por sempre proporcionar
a nós a melhor qualidade de palco, luz e
som para realizarmos nosso show.
Fazer
rock n'roll não é apenas juntar três pessoas e fazer um som, vai muito além, e
sem pessoas e equipes de trabalho integradas, não poderemos jamais estar aqui
hoje compartilhando com nosso público essa experiência. Seguimos na trilha do
asfalto, mantendo o #lastro, porque a gente não para na pista, e como
diz o refrão de OPALA BRANCO, a Veludo Branco NUNCA VAI PARAR!
Fecha a conta.
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